Setor hospitalar em destaque: últimas movimentações da Rede D´Or

Setor de saúde passar por movimento de consolidação e acesso ao mercado de capitais. Novas aquisições impactam os múltiplos do setor.

Dentro do setor de saúde, não foram apenas as operadoras de planos de saúde que obtiveram sucesso no mercado financeiro (veja como se comportaram as ações dos principais players da saúde em 2020). Aproveitando os bons olhos dos investidores no setor, os grupos hospitalares privados também foram à bolsa para captar recursos. O maior deles, o Grupo D´Or, realizou o maior IPO de 2020, levantando mais de 11 bilhões de reais com o objetivo de seguir realizando aquisições pelo Brasil. Após o sucesso da Rede D´Or na bolsa, outros grupos hospitalares também seguem o mesmo caminho do grupo, como a Mater Dei, que estreou na bolsa no dia 16 de abril, e o Hospital Care Caledonia, cuja estreia está prevista para o próximo dia 26.

Hoje, analisaremos a Rede D’Or e os impactos de suas recentes aquisições no setor:

As últimas movimentações de mercado da Rede D'Or:

Após sucesso de sua oferta pública inicial de ações na bolsa, a Rede D´Or, maior grupo hospitalar privado do país, acaba de ampliar sua rede assistencial por meio de duas novas aquisições, ambas anunciadas neste mês de abril. A primeira delas foi a compra de 51% das ações do Hospital Biocor, localizado em Belo Horizonte e especializado em doenças cardiovasculares. A operação representa a entrada do grupo na região metropolitana da capital mineira, terceira maior do país, dominada pela Unimed Belo Horizonte e que também possui forte presença da Mater Dei, como será mostrado adiante.

 Já a segunda delas foi a aquisição de 51% do Hospital Nossa Senhora das Neves, em João Pessoa, estrutura de alta complexidade fundada no ano de 2016 e que atende públicos principalmente de classes mais altas. A aquisição também marca a expansão do grupo na região nordeste, forte reduto da Hapvida. Ademais, a operação faz parte da estratégia de crescimento inorgânico da empresa, que visa adquirir principalmente estruturas de alta complexidade onde ainda não está presente, com foco em regiões carentes de recursos. Atualmente com 235 leitos, o hospital possui capacidade de expansão para até 400 leitos. A tabela abaixo sintetiza informações dessas últimas movimentações da Rede D´Or:

Assim, com mais duas estruturas fazendo parte de seu portfólio assistencial, a rede segue tendo êxito em sua estratégia de aquisições e penetração em novas regiões. Se em 2018 o grupo possuía 36 hospitais, tal número cresceu para 51  no ano passado e pode alcançar 67 em 2022. Vale destacar que, no caso da compra do Hospital Biocor, a operação também envolveu a aquisição de um terreno de 30 mil m2 próximo ao estabelecimento. A ideia é construir uma nova estrutura, com capacidade de instalação de até 200 leitos, voltada aos mercados de alta renda, sendo que esta extensão terá a nomenclatura “Star” (utilizada para caracterizar os hospitais premium da rede).

Um olhar sobre as perspectivas do grupo:

São muitos os fatores que fazem com que investidores, gestores e analistas tenham uma visão positiva sobre o futuro da Rede D´Or, que vão desde perspectivas macroeconômicas até os indicadores clínicos dos hospitais do grupo. Com bilhões de reais em caixa, o grupo poderá expandir suas operações em um momento que o Brasil envelhece a uma velocidade nunca antes vista, projetando aumento de déficit de leitos privados nas principais regiões metropolitanas para os próximos anos.

Também é importante salientar que, na última década, o Brasil vivenciou redução no número de hospitais privados, principalmente os de pequeno porte com estruturas assistenciais reduzidas, abrindo espaço para a consolidação de grandes players do setor hospitalar. Um outro ponto que anima analistas é que a Rede D´Or, por mais que seja a maior empresa do setor hospitalar, ainda possui participação reduzida no total de leitos privados nos estados onde atua, abrindo espaço para mais crescimento, principalmente via fusões e aquisições. Segundo a XP Investimentos, a companhia tem capacidade de adicionar cerca de mil leitos por ano até 2025.

Com o envelhecimento populacional e aquisições voltadas a estabelecimentos de alta complexidade (como parte da estratégia do grupo), é esperado aumento no ticket médio por paciente para os próximos anos, o que poderá acarretar crescimento das receitas. Ademais, os hospitais do grupo são reconhecidos pela qualidade dos serviços prestados (a maioria possui certificações internacionais) e, somado a isso, tais estabelecimentos também apresentam, atualmente, indicadores clínicos melhores do que a média da ANAHP. Assim, a boa infraestrutura dos hospitais do grupo, qualidade reconhecida internacionalmente e bons indicadores clínicos os tornam atrativos para compor a rede credenciada de operadoras de planos de saúde, especialmente aqueles que não possuem hospitais próprios, além de representar um fortalecimento da concorrência às operadoras já verticalizadas.

Por fim, a Rede D´Or, assim como as grandes operadoras capitalizadas, tem a tecnologia como grande diferencial competitivo na busca pela eficiência. Através de investimentos em TI, o grupo consegue captar informações assistenciais e, assim, realizar uma melhor gestão de custos. Além disso, a companhia possui centros de distribuição de insumos integrados, o que a torna apta a realizar um melhor controle de estoque e, consequentemente, ter menos necessidade de capital de giro.

Alto número de aquisições elevam os múltiplos do setor hospitalar

É indiscutível o êxito que a Rede D´Or possui em sua estratégia de expansão inorgânica, ocupando posição de destaque no mercado de fusões e aquisições brasileiro. Entretanto, o preço médio que o grupo vem pagando pelos leitos nos hospitais que compra está dentro da média do mercado?

Para esta análise, a XVI Finance selecionou algumas das aquisições divulgadas publicamente que ocorreram desde o ano de 2018. Foram selecionadas aquisições que envolveram estabelecimentos tanto de média quanto de alta complexidade hospitalar, realizadas por operadoras de planos de saúde e grupos hospitalares. Vamos aos números:

Como pode ser observado nos gráficos, chama a atenção o alto valor médio pago por leito nas aquisições realizadas pela Rede D´Or (R$2 milhões por leito), em proporção bastante superior ao praticado por outras protagonistas do M&A, como a Hapvida e a NotreDame Intermédica. Em sua mais cara aquisição recente sob perspectiva de múltiplos, a Rede D´Or chegou a desembolsar 4,8 milhões reais por leito do Hospital Aliança, em Salvador (o valor total da aquisição chegou a 800 milhões!).

Ademais, nota-se que o múltiplo preço/leito está em uma crescente desde 2018, o que pode estar atrelado a estreia de novos players no setor que, como parte de suas estratégias de expansão, demandam mais aquisições (vale ressaltar que, em 2021, as únicas aquisições que tiveram valores publicamente divulgados foram as realizadas pela Rede D´Or).

Daqui para frente, com ainda mais empresas do setor acessando ao mercado de capitais, poderemos ver estruturas assistenciais sendo negociadas a múltiplos ainda mais altos. Fiquemos de olho.

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