Como se comportaram as ações dos principais players da saúde

Em mais um ano consecutivo, as empresas de saúde se destacaram na bolsa. Entenda o bom desempenho do setor em 2020, ano de pandemia.

Turbulento. Essa é sem sombras de dúvidas uma boa definição para o ano de 2020. As ações governamentais, buscando conter o avanço da Covid-19, como o isolamento social, medidas preventivas e o fechamento do comércio e escolas, marcaram as rotinas neste ano. A pandemia abalou as cadeias de abastecimento globais, estremeceu as bolsas de valores, suspendeu a produção, paralisou atividades, reduziu os lucros e levantou preocupações sobre a desaceleração econômica.

As perspectivas econômicas para o ano de 2020 eram promissoras, a tendência era que o mercado no país se aquecesse cada vez mais, continuando a recuperação econômica iniciada em 2017. Através do Boletim Focus – relatório produzido pelo Banco Central que compila as expectativas do mercado sobre diversos indicadores macroeconômicos – podemos ver que as expectativas no início de 2020 e a realidade encontrada ao final são discrepantes. A expectativa para a meta da taxa Selic, definida pelo Copom, era de 4,5% a.a. e fechou em 2% a.a.

O primeiro relatório FOCUS de 2021 ainda apresenta as expectativas para o fechamento de alguns indicadores referentes ao ano de 2020. Temos, por exemplo, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) que atingiu -4,37% no relatório de 08 de janeiro de 2021. Este valor é fraco, contudo, superior ao publicado em 26 de junho de 2020 que previa uma queda do PIB de -6,54%.

Em relação as expectativas para 2021, o relatório FOCUS de 15 de janeiro apresenta: PIB 3,45%, IPCA 3,47%, Selic 3,25% e câmbio (R$/US$) 5,00. Outros indicadores de interesse na análise são Produção Industrial com estimativa de 5% de crescimento e a dívida líquida do setor público estimada em 64,95% do PIB.

O cenário da bolsa de valores no ano de 2020

Enquanto o comércio estava parado, a movimentação foi intensa no mercado de capitais nos primeiros meses de distanciamento social. Em janeiro de 2020, o Índice Ibovespa marcava 113 mil pontos e partir disso, incorreu em queda até chegar em 61 mil pontos em março, atingindo seu menor valor em dois anos, uma queda de 46% no índice.

Apesar da queda brusca do índice, o mercado de ações apresentou recuperação significativa ao longo do ano, o que surpreendeu analistas e investidores. Em dezembro, o mercado recuperou as perdas alcançando a máxima histórica de 125 mil pontos em janeiro de 2021.

Destaque para a saúde suplementar

Um dos setores de destaque no mercado financeiro no último ano foi o de saúde suplementar. A estreia da Rede D`Or (RDOR3) na Bolsa de Valores (B3) em dezembro foi a terceira maior Oferta Pública Inicial (IPO) com captação de R$ 11 bilhões. Com um start de R$ 57,92 no valor da ação, os papéis encerraram o primeiro dia com alta de 7,73%, a R$ 62,40, tendo alcançado R$ 68,49 na máxima.

Outro fator determinante e marcante do setor foram as fusões e aquisições (M&A), que ganharam força e aumentaram significativamente. Já comentamos aqui no blog sobre as principais movimentações realizadas pelos grupos de medicina NotreDame Intermédica e Hapvida , as aquisições realizadas possuíam, na maioria das vezes, o objetivo de entrar em novo mercado ou aumentar a verticalização da empresa, estratégia muito utilizada pelos grandes players da saúde.

Para ilustrarmos como as empresas do setor se comportaram no último ano, podemos analisar quatro empresas do setor com capital aberto, a Fleury (FLRY3), a NotreDame Intermédica (GNDI3), a Hapvida (HAPV3) e o Instituto Hermes Pardini (PARD3).

O Grupo NotreDame realizou diversos investimentos na aquisição de empresas menores. No terceiro trimestre, a Intermédica tinha 3,6 milhões de beneficiários em seu balanço, um aumento de 24,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita foi de 2,7 bilhões de reais, um aumento de 24,1% sobre 2019.

Após o fortalecimento, o GNDI aproveitou a oportunidade e se firmou ainda mais em regiões que já eram estrategicamente importantes para a empresa. Só em 2020 foram 13 aquisições. Suas ações chegaram a um patamar de R$ 80,84 em dezembro de 2020, alta de 6% se comparada a janeiro do mesmo ano.

Seguindo passos semelhantes, a Hapvida realizou aquisições de operadoras de saúde, clínicas e hospitais por todo o país, além do anúncio de construção de novos estabelecimentos. Somente no terceiro trimestre, foram sete novas aquisições. Segundo Jorge Pinheiro, atual presidente, serão 60 hospitais próprios até o final de 2021 no país.

A proposta da fusão entre os grupos gerou euforia e uma grande variação no preço das ações, alcançando valorizações de 30% da GNDI3 e 25% da HAPV3, batendo R$ 100,73 e R$ 18,30, na máxima, respectivamente. Hoje as ações da NotreDame estão cotadas a R$ 98,09 e R$ 17,37 da Hapvida. Caso tenha curiosidade sobre o impacto no setor dessa fusão, confira a análise que realizamos descrevendo a empresa resultante desse deal.

No setor de diagnósticos, o Grupo Fleury (FLRY3) conta com uma perspectiva de crescimento. Investimentos em laboratórios de diagnóstico, tecnologia e projetos altamente escalonáveis ​​acelerarão os retornos, sem que a empresa tenha que investir pesado em ativos físicos. A previsão da Fleury é de aumentar para 500 mil exames por dia. Hoje são realizados cerca de 150 mil. O Banco Safra recomendou compra das ações da empresa em outubro.

Já para a Hermes Pardini, a recuperação está ocorrendo rapidamente em grande parte dos seus negócios. Com relação à perspectiva de atraso no processo de vacinação a comercialização de testes da Covid-19 em 2021 deve ganhar força. 

As fusões e aquisições ainda são o principal fator de crescimento do PARD, sendo responsáveis pelo avanço dos volumes de exames no segmento Lab-to-Lab, além do aumento de sua participação na Sansão Holding, detendo 64% do capital da empresa. As perspectivas do Banco Safra também eram positivas em novembro.

Contudo, mesmo com a recuperação do Índice Bovespa e com o início da vacinação no país, há muitos fatores decisivos para a retomada da economia que ainda causam preocupação, como a questão fiscal e a inflação. As movimentações no setor da saúde suplementar seguirão intensas, em um ambiente cada vez mais competitivo.

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