Mesmo na crise, vendas e aquisições na saúde suplementar não param. Veja as movimentações.

Entenda porque o setor de saúde se manteve e se manterá aquecido mesmo com a crise econômica e pandêmica. Veja as movimentações dos grandes grupos.

Em novembro de 2019, a XVI Finance apresentou as aquisições realizadas pelo Grupo NotreDame Intermédica e pela Hapvida após seus IPOs (Oferta Pública Inicial) em 2018. Até aquele momento, as operadoras já haviam investido mais de 10 bilhões de reais em aquisições de operadoras de planos de saúde, odontológicas, hospitais, centros de medicina diagnóstica e até mesmo empresas de desenvolvimento de tecnologias em saúde. Esses movimentos refletem uma estratégia de consolidação do mercado de saúde suplementar que se acelerou em 2020.

Menos de um ano depois, as movimentações continuam.

Em meio a pandemia do coronavírus, hospitais e clínicas sofreram com a postergação e cancelamento de procedimentos eletivos o que levou a dificuldades de fluxo de caixa e prejuízos para o setor. Além disso, a depreciação da economia e movimentos de expansão no Sul e Sudeste dos grandes grupos tornaram operadoras e hospitais menores mais suscetíveis a ideia de venda. Para os grandes grupos, a maior disponibilidade de caixa e capacidade de endividamento a baixo custo favorecem as aquisições.

Em 2020 já foram divulgados cerca de 4,2 bilhões de reais em investimentos no setor, movimentações que representam quase 410 mil beneficiários e mais de 2,2 mil leitos, além de outras estruturas assistenciais. Veja algumas das aquisições divulgadas:

O Grupo NotreDame Intermédica adquiriu o Grupo Santa Mônica e a Climepe em Minas Gerais, adicionando mais de 74 mil beneficiários em sua carteira, e mais de 350 leitos para sua estrutura já verticalizada no estado. Adquiriu também o Hospital do Coração em Balneário Camboriú, Santa Catariana para complementar sua verticalização no Sul após a recente aquisição do Grupo Clinipam (Houve ainda no final de agosto a aquisição do Grupo Medisanitas, o que levou a NotreDame para o principal plano de saúde no país, no sudeste e em MG atrás do Sistema Unimed).

A Hapvida adquiriu o Grupo São José em São Paulo, aumentando sua carteira em 51 mil beneficiários e sua infraestrutura com mais 104 leitos, o que torna ainda mais acirrada a concorrência pelo setor no Sudeste.

Já a Sul América, outra operadora listada em bolsa, adquiriu a Paraná Clínicas, incluindo 90 mil beneficiários a sua carteira. Os três grupos concentram mais de 20% do mercado de planos de assistência médica no país, e segundo seus executivos, as aquisições não pararão.

Como mostramos em recentes estudos, há uma tendência no setor de saúde suplementar de consolidação no número de operadoras. Isso significa que operadoras menos eficientes perderão mercado para as mais eficientes. No setor, a eficiência se ganha com a verticalização (investimento em estrutura assistencial) e ganho de escala nas operações (com o aumento no número de beneficiários e manutenção dos custos administrativos). NotreDame e Hapvida já começaram o movimento, assim como algumas cooperativas do Sistema Unimed e a Sul América têm começado a fazer.

Estratégias de expansão

NotreDame e Hapvida possuem estratégias de expansão semelhantes ao focarem suas aquisições em operadoras de saúde que possuam carteiras de beneficiários aliadas a recursos próprios, mas também adquirem infraestruturas de saúde que complementam sua verticalização (Infoway, Hospital das Clínicas e Fraturas do Cariri e Hospital das Clinicas de Parauapebas pela Hapvida e AMIU, Grupo Ghelfond e Hospital do Coração pela NotreDame).

Em relação as regiões de expansão verificamos que Hapvida e NotreDame buscam realizar aquisições nos mesmos estados (São Paulo, Paraná, Santa Catarina e agora Minas Gerais). Contudo, a Hapvida parece mais aberta a explorar outros mercados como o Mato Grosso do Sul, por meio do Grupo São Francisco e Goiás por meio do Grupo América.

A tabela seguinte mostra que a NotreDame Intermédica aumentou sua carteira de beneficiários no Sudeste e Sul.

Já a Hapvida, aumentou sua carteira de beneficiário em todas as regiões do país, especialmente no Sudeste e Centro-Oeste.

O quadro seguinte apresenta as aquisições do Grupo NotreDame Intermédica e Hapvida no ano de anúncio da operação. Verifica-se que 2019 foi o ano mais ativo em aquisições, incluindo 7 operações da NotreDame e 8 da Hapvida. Entre junho de 2018 e agosto de 2020 o valor médio de aquisição por beneficiário somado à infraestrutura foi de aproximadamente 4 mil reais para a NotreDame e 2,5 mil reais para a Hapvida. Portanto, em média as aquisições realizadas pela NotreDame ofereceram um valor maior do que as realizadas pela Hapvida.

No mês passado, a XVI Finance mostrou a Oportunidade de Verticalização para Operadoras de Saúde. Os recursos mais baratos disponibilizados pelo BNDES, além de outras medidas econômicas tomadas pelo governo, são grandes oportunidades para as operadoras financiarem seus projetos de verticalização com rede assistencial própria. Além disso, existe a possibilidade de captação no mercado financeiro por meio da constituição de um Fundo de Investimentos Imobiliário (FII).

Com o setor de saúde em evidência em 2020, as oportunidades de aquisição de estruturas menos rentáveis e o baixo custo da dívida promovem o setor da saúde como um dos mais promissores do país para os próximos anos.

Ps: Texto realizado pelo consultor Eduardo Kfouri Forero, com apoio do Diretor de Projetos Prof. Dr. Ulisses Rezende.

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