Informativo XVI Finance – Saúde Suplementar 3ºT 2020

Operadoras apresentaram crescimento de beneficiários após ano de aprendizagens e desenvolvimento no setor. Acesse o infográfico.

Chegamos ao final de 2020, o ano mais desafiador da história recente. Ano que exigiu mudanças comportamentais, inovação, esforços e muito empenho do setor de saúde.

O setor de saúde foi fortemente afetado pelas incertezas e impactos gerados pelo coronavírus. Como já mencionamos em estudos recentes, a pandemia foi um catalizador para a consolidação de mercado da saúde suplementar (veja os números da consolidação).

Para as operadoras de saúde, o adiamento de procedimentos eletivos levou a uma queda na sinistralidade (a média em abril foi de 66% no setor segundo a ANS), o que as permitirá enfrentar no próximo ano aumentos de sinistralidade devido a procedimento represados. Por outro lado, hospitais particulares tiveram suas demandas por procedimentos eletivos reduzidas e esse cenário aliado a dificuldades financeiras prévias foram o empurrão que faltava para a venda dessas instituições para outros grupos.

Segundo a PwC, até outubro, o setor já havia alcançado 50 fusões ou aquisições. Em 2019, ano recorde de transações, foram 57 ao todo. Com dinheiro em caixa e ainda favorecidas pela redução da sinistralidade Hapvida e NotreDame foram ao mercado anunciando 17 aquisições em 2020, o equivalente a quase 30% das operações.

Mas no geral, como está sendo o ano de 2020 para as operadoras de saúde até agora?

Crescimento no número de beneficiários

Nesse estudo, vamos olhar os dados trimestrais da quantidade de beneficiários de cada ano para facilitar a visualização comparativa.

Em um ano de difícil previsibilidade, a saúde suplementar demonstrou resiliência até o momento. Após anos de estreitamento das margens devido a evolução dos custos no setor, as operadoras passaram por meses de sinistralidade baixa e  mesmo em um cenário de aumento no desemprego, o setor não sofreu queda de beneficiários como ocorreu ao longo de 2015 e 2017.

Entre 2012 e 2019, o setor teve redução de 263 operadoras ativas, em média, um déficit de 37 operadoras por ano. Entre setembro de 2019 e de 2020, a redução foi de apenas 9 operadoras.

Em relação a quantidade de beneficiários, em setembro de 2020 o setor ultrapassou os 47 milhões de pessoas novamente. Esse crescimento equivale a 0,2% em 1 ano e 0,7% em relação ao segundo trimestre de 2020. Na comparação de 5 anos, o período perdeu 5,4% dos beneficiários de 2015.

Medicinas de grupo, filantropia e cooperativas médicas crescem

Em 2020, as medicinas de grupo passaram a concentrar o maior market share do setor, com 39,5% do mercado ante 34,7% de 2015. As cooperativas, que possuíam 38,3% do mercado em 2015, passaram para 36,7% em 2020. As demais modalidades também apresentaram redução de share de mercado.

Em números absolutos, nos últimos 5 anos, apenas as medicinas de grupo apresentaram crescimento, de cerca de 7,6% no período (recentemente explicamos as vantagens competitivas dessas operadoras).

Já no comparativo do ano de 2020 (setembro), além das medicinas de grupo, operadoras de filantropia e cooperativas médicas apresentaram crescimento de 1,2%, 1,4% e 0,4%, respectivamente. Em todos os períodos analisados, seguradoras especializadas e operadoras de autogestão apresentaram queda de beneficiários.

Aumento da representatividade dos planos coletivos

Nos últimos anos foi vista uma redução dos planos individuais ou familiares acima da redução dos planos coletivos. Em 2015, os planos individuais representavam 19,8%. Em 2020, esse número caiu para 19,2%, enquanto os coletivos passaram de 79,7% para 80,7%. Destaca-se que entre março e setembro, devido a pandemia, os planos coletivos empresariais sofreram redução, enquanto os individuais e coletivos por adesão cresceram 0,2% e 1%, respectivamente.

Sul e nordeste perdem beneficiários

Até setembro de 2020, o Centro-Oeste, Norte e Sudeste apresentaram crescimento de beneficiários de 2,4%, 1,6% e 0,1%, respectivamente. Nordeste e Sul apresentaram queda de 0,7% e 0,5%, respectivamente. Dos 27 estados, apenas 11 apresentaram queda de beneficiários, com destaque negativo para Amapá e Pará, com queda de mais de 6% dos beneficiários. Os destaques positivos são do Rio de Janeiro e Santa Catarina que cresceram mais de 4%.

Envelhecimento da carteira de beneficiários

Nos últimos anos, é perceptível o envelhecimento das carteiras de beneficiários, com um crescimento da quantidade de beneficiários de 60 anos ou mais, e redução do percentual dos mais jovens. Em 2015, os beneficiários com 60 anos ou mais representavam 12,2% do total, já em 2020, passaram para 14,3%. O envelhecimento da carteira leva ao aumento dos custos assistenciais, e com a volta dos procedimentos eletivos represados durante a pandemia, as margens podem voltar a se estreitar.

Embora em termos mercadológicos e financeiros o setor ainda não tenha passado por impactos negativos, o futuro é incerto. A recessão econômica de 2020, embora menor que a esperada, poderá encadear problemas futuros, com a alta inflação, elevação dos juros, desemprego em graus elevados, redução do investimento público e desvalorização cambial em um ambiente político instável (entenda os efeitos da crise econômica no setor).

A crise gera oportunidades

No início de 2020, as operadoras de saúde realizaram seu dever de casa. Fizeram projeções de casos de covid-19, adaptaram sua infraestrutura para melhor atender aos seus beneficiários na pandemia, buscaram inovações com canais de comunicação, consulta e orientação on-line, implementaram melhorias de eficiência e reduções de custos. Portanto, os resultados alcançados nesse ano refletem muito trabalho, inúmeras videoconferências e noites pensando em como solucionar esse cenário tão desafiante.

O ano termina com a conscientização das empresas e cooperativas de saúde sobre a importância da boa administração, gestão de riscos, avaliação e realização de projetos de investimento economicamente viáveis e crescimento sustentável.

Destaco que para os próximos trimestres ou meses, divulgaremos esse mesmo relatório, portanto, se cadastra em nossa newsletter para receber em primeira mão.

PS: Textos, gráficos e imagens produzidas pelo consultor Eduardo Kfouri Forero e pelo Diretor de Projetos Prof. Dr. Ulisses Rezende.  

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