Até setembro de 2023, 50,53% das operadoras de saúde não geraram resultados operacionais positivos. Isso significa que essas operadoras não obtêm resultado a partir das suas atividades fins e dependem de outras fontes de receita para permanecerem no mercado.
Essas receitas são, majoritariamente, financeiras oriundas da rentabilidade oferecida por aplicações de caixa, garantidoras e livres de curto e longo prazo e depósitos judiciais e fiscais. As receitas financeiras destas aplicações irão depender, no geral, do volume investido e da rentabilidade das aplicações.
Entre 2018 e setembro de 2023, o volume destas aplicações cresceu 54,7%, atingindo 121 bilhões de reais no último período. Se consideradas apenas as aplicações garantidoras (51,5%) e livres (48,5%), chegaremos ao montante de R$ 107 bilhões.
Assim, identificamos que parte do crescimento das receitas financeiras é originário do aumento das aplicações financeiras das operadoras. Mas, o que acontece quando ocorre a variação na rentabilidade?
A rentabilidade das aplicações financeiras é basicamente definida a partir da taxa básica de juros da econômica, a meta da Selic que é estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em 8 reuniões anuais. Reduções na taxa Selic trazem como consequência a redução na rentabilidade das aplicações financeiras de maneira geral.
Como a meta da Selic pode subir ou descer a depender da decisão do Copom, utilizamos à média ponderada por dia de vigência da meta para as avaliações. Assim, teremos uma percepção mais justa do impacto de cada período de rentabilidade sobre as aplicações financeiras. Por exemplo, a meta da taxa Selic para 2023 variou de 13,75% na primeira reunião do Copom para 12,25% na última reunião, mas como as reduções da taxa foram iniciadas apenas em agosto a média ponderada por dia de vigência foi de 13,6% no ano.
O gráfico a seguir apresenta o montante de receitas financeiras ao ano em relação a meta ponderada da taxa Selic.
Entre 2021 e 2022, momento de maior crescimento nas receitas financeiras, a meta ponderada da Selic variou 176,9%, o montante aplicado 1,8% e as receitas financeiras 57,6%. Portanto, o maior efeito no aumento das receitas tem origem na Selic e não no montante.
Para o ano de 2023, a expectativa do mercado é de mais um corte na Selic de 0,5 p.p. Isso implicaria na finalização do ano com uma meta de 11,75%
Desse modo, caso a sinistralidade mantenha-se nos níveis atuais em 2024 e caso a Selic realmente seja reduzida, o setor de saúde suplementar irá apresentar um ano de prejuízos operacionais e líquidos.
Ulisses Rezende Silva
Diretor Comercial na
XVI Finance
José Luis Orsi
Consultor Sênior na
XVI Finance
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