Qual valor de uma Carteira de Beneficiários? Os múltiplos da saúde suplementar.

Aprenda a calcular o valor de uma carteira de beneficiários em operadoras de saúde, considerando métodos de avaliação como FCD e múltiplos de mercado.

Neste artigo, explico como calcular o valor de uma carteira de beneficiários de planos de saúde. Foco nos principais métodos de avaliação, como Fluxo de Caixa Descontado e Múltiplos de Mercado, destacando os fatores críticos que influenciam o preço.

As aquisições continuam em ritmo acelerado. Nesta semana foi a vez da Hapvida anunciar a aquisição da operadora Promed, da carteira de Samedh com 18 mil beneficiários e do arrendamento do Hospital Maternidade Sinha Junqueira em Rib. Preto – SP (leia a análise da aquisição: Análise da Aquisição do Grupo Promed pelo Hapvida).

Já tratamos de como as operações com hospitais são precificadas com os múltiplos relacionados aos hospitais (Qual o valor de um Hospital?).

Hoje trago a referência de como estas aquisições de carteira de beneficiários podem ser precificadas e as suas aquisições comparadas. Ou seja, quanto vale a carteira de clientes de uma operadora ou administradora de benefícios?

Da mesma forma que para outros negócios, as principais metodologias aplicadas são via Método do Fluxo de Caixa Descontado – FCD e por Múltiplos de Mercado.

Tal como para a avaliação de uma empresa ou projeto, o FCD projeta o resultado financeiro gerado pela carteira de beneficiários para um horizonte de tempo. Busca incorporar a valor presente das projeções dos resultados que serão gerados com o faturamento da carteira, deduzidos os custos assistenciais, tributação e despesas administrativas relacionadas.

O segundo método, o de avaliação por Múltiplos de Mercado, é bem mais simples. Utiliza-se a comparação com outras aquisições similares realizadas no Brasil. Vamos nos concentrar neste método pela facilidade de aplicação e rápido entendimento.

Para seu desenvolvimento, precisamos compor múltiplos relacionados à carteira de beneficiários. Os mais adequados seriam:

1. Múltiplo por Beneficiário de Plano de Saúde: Qual o valor de uma carteira em relação ao número de beneficiários?

Este tipo de múltiplo é muito comum quando avaliamos uma carteira de clientes, seja qual for o setor. Por exemplo, para avaliação de uma Universidade Privada, utiliza-se o Valor (R$) por Aluno, ou seja, um múltiplo por aluno.

A lógica é a mesma de outros setores: Portanto, quanto vale um beneficiário de plano de saúde para uma Operadora?

2. Múltiplo por Faturamento ou Ticket Médio da Carteira de Beneficiários: O método anterior possui uma falha e não capta o potencial faturamento da carteira. Por isso, para corrigir isso devemos considerar o potencial faturamento mensal da carteira como referência.

Por outro lado, este método é de maior dificuldade de apuração, pois nem sempre é possível identificar nas informações públicas qual era o faturamento de parte ou total da carteira.

Observe que nestes dois modelos da avaliação por múltiplos não conseguimos captar uma relação de resultado gerado pela carteira. Por isso, deve-se tomar cuidado ao avaliar carteiras deficitárias e com alta sinistralidade.

Além disso, é normal que as operações de aquisições estabeleçam os ajustes a serem realizados posteriormente mediante estudos atuariais e Due Diligence, tal como informado que irá ocorrer nesta última aquisição da carteira da Samedh com 18 mil vidas.

Vamos então identificar estes múltiplos?

Para isso, levantamos todas as operações com informações públicas que ocorreram exclusivamente com carteiras de beneficiários. Desta forma, devemos desconsiderar os casos que envolvam Recursos Assistenciais, como hospitais, laboratórios e Clínicas e as Operadoras, pois os múltiplos são diferentes.

Como resultado da pesquisa temos a tabela abaixo com as Aquisições de Carteiras exclusivas de beneficiários no Brasil:


Podemos observar que, com exceção das aquisições do Grupo Padrão e da Plamed, o Preço por Beneficiário é bastante próximo um do outro. Como resultado deste levantamento, podemos concluir os múltiplos descritos na tabela abaixo:


Usando a mediana da tabela como referência para excluir as distorções das operações, concluímos que o valor da Carteira pode ser obtido pelos múltiplos de R$ 1.111 por beneficiário ou de 0,77x o faturamento anual da carteira. Estas são as referências para a avaliação pela metodologia de Múltiplos de Mercado.

Entre os dois múltiplos, avaliamos que o Preço por Beneficiário é o mais adequado para referência, pois tem mais operações comparáveis e são mais fáceis de serem obtidos.

Por fim, vale destacar que a Carteira de Beneficiários é o principal ativo de uma Operadora ou Administradora, compreendendo o conceito de Ativo Intangível e pode ser negociado à parte, separadamente de outros ativos que a Operadora possua.

Portanto, cuide bem de seus beneficiários. Direcione todo o foco, cuidado e esforço de gestão para eles.

Neste guia, explico como determinar o valor de uma carteira de beneficiários de planos de saúde, utilizando os métodos de Fluxo de Caixa Descontado (FCD) e Múltiplos de Mercado. Destaco a importância desses métodos na avaliação e como diferentes variáveis, como faturamento e número de beneficiários, influenciam a análise. Também abordo a relevância de considerar fatores como sinistralidade e a necessidade de ajustes pós-aquisição.

Saiba mais sobre

O que é Fluxo de Caixa Descontado (FCD)?
É um método de avaliação que projeta o resultado financeiro futuro de uma carteira e traz esses valores ao presente.

O que são Múltiplos de Mercado?
Um método que compara uma carteira com aquisições similares no mercado, utilizando métricas como número de beneficiários ou faturamento.

Qual o múltiplo mais comum para avaliar uma carteira de beneficiários?
O valor por beneficiário é o mais comum, usado para comparar com outras aquisições no mercado.

Por que é importante considerar a sinistralidade na avaliação?
Porque carteiras com alta sinistralidade podem gerar resultados financeiros negativos, afetando o valor.

Quais ajustes são comuns após a aquisição de uma carteira?
Estudos atuariais e Due Diligence são realizados para ajustes financeiros necessários.

Como o faturamento influencia a avaliação da carteira?
O potencial de faturamento mensal é usado como referência, mas pode ser difícil de apurar em alguns casos.

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