O que os resultados da Hapvida e NotreDame nos indicam sobre o setor?

Hapvida e NotreDame apresentaram importantes resultados durante a pandemia. Entenda o impacto na competitividade do setor?

“A maior combinação entre duas empresas brasileiras: Uma gigante do setor de saúde, com um valor de R$ 110 bilhões.” Hapvida e NotreDame (2020).

Embora o último trimestre de 2020 tenha sido desafiador, o setor da saúde suplementar manteve-se em movimento, encontrando oportunidades para acelerar seu processo de consolidação.

No mês passado, as operadoras Hapvida e NotreDame Intermédica (GNDI), ambas listadas na bolsa de valores, divulgaram os resultados do 4º trimestre de 2020. Os números que se destacam foram na redução da sinistralidade, no aumento do número de beneficiários e nos resultados operacionais recordes, ainda que diante de um cenário de pandemia.

A fusão entre as empresas, resultará na criação da operadora com maior número de beneficiários no país.

Separamos alguns números para nossa reflexão desta semana. Vamos aos destaques:

1) Crescimento do número de beneficiários

Com um aumento singelo de 1,1% no total de beneficiários de planos de saúde no país, dado apresentado em nosso relatório de dezembro, a GNDI e a Hapvida apresentaram crescimento de 23% e 6,6% respectivamente, respectivamente nas suas carteiras de beneficiários, evidenciando uma absorção da fatia de mercado dos seus concorrentes..

Apesar do aumento do ticket médio no período, o valor praticado pelas operadas ainda fica próximo ao patamar de R$ 200/mês, sendo muito inferior ao praticado pelas demais concorrentes.

2) Baixa sinistralidade e aumento dos resultados

As operadoras demonstraram resiliência em 2020, com um aumento de receitas e também de seus resultados EBITDA (resultado que mede a capacidade de gerar caixa pelas atividades operacionais da empresa) que apresentaram crescimento de 6% da NotreDame e 15% da Hapvida. O melhor resultado operacional foi permitido pela queda da sinistralidade com o adiamento de alguns serviços e procedimentos eletivos.

No período a Hapvida, sofreu forte pressão sobre suas provisões, referente as faturas pelo SUS, suspensas no 2º e 3º trimestre do ano. As provisões alcançaram um valor de R$ 106 milhões.

Mas e a demanda represada dos procedimentos eletivos? Segundo o Boletim COVID de Janeiro da ANS, a sinistralidade de caixa do setor era de 77% pré-pandemia, caiu para 62% em junho, mas logo em dezembro alcançou 80% com a volta desses procedimentos. Com a nova crescente de casos, houve um novo adiamento dos procedimentos eletivos, que devem retomar a crescente da sinistralidade após o controle da situação. 

3) Plano de expansão e aquisições a todo vapor

Destaque para a grande quantidade de aquisições feitas pelas operadoras. Dentro de um ano, as companhias realizaram 20 aquisições, o que proporcionou um aumento de competitividade ao grupo em toda sua área de atuação, ou seja, em todo o país. Esse crescimento permite as operadoras um ganho de escala operacional que deve continuar a refletir em seus resultados futuros.

Ambas as empresas informaram o crescimento dos recursos próprios no último trimestre. Vale destacar em especial o aumento do número de hospitais e da oferta de leitos próprios:

Com um aumento de 25% dos leitos da NotreDame e de 23% dos leitos da Hapvida, essas companhias alcançaram índices próximos a 1 leito para cada mil beneficiários. O grupo Hapvida, discriminou em seu relatório trimestral que 24% de seus leitos atualmente são para covid-19, restando outros 2.476 leitos gerais.

Juntas, as operadoras possuem 72 Hospitais Próprios com 6.362 leitos. No percorrer de um ano, foram incorporados 13 hospitais, cerca de um hospital a cada mês na rede.

4) Brasil vive a pior fase da pandemia. Como ficam as operadoras?

Com o crescimento no número de casos e óbitos notificados, o setor da saúde suplementar em algumas regiões do Brasil chega a ter mais de 90% de seus leitos de UTI ocupados.

Segundo o presidente da NotreDame, Irlau Machado3, em entrevista para a Valor Econômico, a grande quantidade de leitos que a rede possui é um bônus considerando o cenário atual. O CEO explicou durante a conferência com investidores que a maioria das empresas não conseguem remanejar seus gastos e, além disso, vêm apresentando déficits de leitos, restando-lhes migrar para outros hospitais com leitos disponíveis.

A pandemia afetou a receita de serviços hospitalares, com a paralisação e suspensão de cirurgias eletivas e o enrijecimento das medidas de isolamento social.

E quais reflexões podemos extrair deste cenário:

Escrevemos estas cartas semanais para permitir uma reflexão sobre a nossa estratégia e o futuro da saúde suplementar. Em geral, buscamos responder sempre como podemos nos tornar mais eficientes, gerando mais valor para a sociedade, médicos cooperados e beneficiários.

Por isso, levanto as seguintes questões para a reflexão de hoje:

  1. Quais as estratégias necessárias para aumentar a competitividade frente a esses grupos?
  2. Como promover de forma viável a verticalização?
  3. E como alcançar essa eficiência em custos?

Essas são algumas das questões que buscamos responder para nossos seguidores e clientes.

Ps. Todos os dados analisados foram obtidos nas informações trimestrais divulgados na área de Relações com Investidores das companhias. Os dados apresentados são consolidados e já incluem as aquisições realizadas no período.

Referências e Links:

  1. Hapvida
  2. Notredame Intermédica
  3. XVI Finance – Fusão Hapvida e NotreDame
  4. XVI Finance – Relatório de Mercado da Saúde Suplementar (dez/2020)
  5. Valor Econômico
  6. Abramed

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