5 formas de reação das Unimeds frente ao ambiente competitivo

Olá caro(a) leitor(a),

Quando optamos por atuar exclusivamente com gestão na Saúde Suplementar, tivemos a oportunidade de desenvolver diversas estratégias para as cooperativas e levar conhecimento do mercado financeiro (e de outros setores industriais) para as práticas nas cooperativas Unimeds e empreendedores na saúde.

Desde então, estamos trabalhando em todas as regiões do país, participando de vários eventos e acompanhando os principais movimentos do setor

Com um olhar externo bastante crítico sob o enfoque da gestão e vivenciando de perto os desafios da profissão médica (a minha esposa é uma excelente médica otorrino aqui em Rib. Preto), venho acompanhando o acirramento do ambiente competitivo e fomentando as mudanças necessárias para sustentabilidade do cooperativismo médico

Gostaria de aproveitar este nosso canal de comunicação para compartilhar a nossa visão das 5 principais formas estratégicas que poderão contribuir para aumentar a competitividade e assegurar a perenidade das empresas.

 

1 – Estratégia de consolidação

Em todo ambiente competitivo há uma forte tendência de consolidação, que ocorre por incorporações, fusões, aquisições e liquidações de empresas. Especialmente no Brasil e em países emergentes, este movimento é ainda mais forte. Também é marcado pela rapidez deste processo quando um setor passa por uma abertura ao capital estrangeiro e pelo rompimento de barreiras de entradas. Podemos pensar em diversos setores e iremos lembrar das campeãs nacionais, com poucas grandes empresas dominando o mercado.

Na saúde suplementar, as duas importantes barreiras já foram rompidas. Em 2015, com a abertura aos estrangeiros, e com a crescente disponibilidade de profissionais médicos. A taxa de crescimento dos médicos é mais que duas vezes a taxa de crescimento da população. Portanto, a reserva de mercado que o cooperativismo usufruiu no passado não se sustentará mais (Demografia Médica, USP, 2019).

Atualmente temos cerca de 730 Operadoras de Saúde com beneficiários no Brasil (quase metade do que existia no ano de 2000). Deste total, 285 são cooperativas médicas do sistema Unimed.

Neste movimento, busca-se a eficiência com o ganho de escala. A situação de uma empresa com 1 milhão de beneficiários é completamente diferente de outra com apenas 1 mil clientes. Todos concordamos que há diferenças entre nível de risco e diluição do peso da estrutura administrativa. O que não sabemos é qual deveria ser o ponto de corte.

Este tema foi alvo de discussão no Simpósio MG e ES deste ano, que resultou na publicação de algumas diretrizes, entre elas: “Reordenar o Sistema de Sociedades Cooperativas Unimed, em Sociedades Unimed Operadoras de Planos de Saúde e Sociedades não Operadoras de Planos de Saúde, estimulando o crescimento orgânico destas últimas”.

Este contexto já é realidade em diversas regiões. São muitos exemplos desta reorganização, tais como em Santa Catarina, Ceará e, recentemente, em algumas regiões do Norte.

Fato é que a busca pelo ganho de escala é incessante e será parte da estratégia de competição.

 

2 – Evolução nos Modelos de Remuneração

Com o declínio do Modelo Fee For Service (conta aberta), pelo seu desalinhamento com as necessidades do mercado, já há bastante tempo outros formatos estão sendo implantados. O objetivo é incentivar a eficiência, reduzir o desperdício, premiar a qualidade do serviço com foco na segurança do paciente.

Temos bons exemplos de qualificação da rede prestadora, de implantação de remuneração variável com bonificação, a “pacotização” dos serviços, entre outros. Destacam-se os modelos utilizados pela Unimed BH, tais como o GUIA (Gestão Unimed de Indicadores Assistenciais).

A própria ANS desenvolveu uma cartilha para a implantação de Modelos de Remuneração Baseados em Valor e poderá servir como referência ao mercado.

 

3 – Fortalecimento da Medicina Primária

Outro ponto de recente discussão no setor da Saúde Suplementar, é a importância da Atenção Primária à Saúde (APS), principalmente em termos de cuidados preventivos, que valoriza a saúde dos pacientes e otimiza os custos para a operadora, além de outras vantagens como benefício para a Margem de Solvência.

A discussão sobre esse tema tem início há quase um século atrás, quando o médico britânico, Dr. Bertrand Dawson propôs que a medicina deveria ter cunho preventivo e não curativo, e organizou os serviços de saúde em níveis de atenção (primária, secundária e terciária) como ilustra a figura abaixo:

 

Esse modelo, foi implantado em alguns países quando o serviço de saúde no modelo fragmentado, ou seja, de atenção realizada apenas por especialistas, sem o acompanhamento de um profissional generalista, começou a demonstrar resultados desfavoráveis. Segundo o Manual de Práticas da Unimed: “Atualmente o SISTEMA UNIMED apresenta serviços e atendimentos em saúde de forma fragmentada, dificultando a integração e o gerenciamento coordenado em saúde”. Essa fragmentação acaba ocasionando um maior enfoque em doenças e não em saúde. Consequentemente, ocorre uma elevação dos custos das cooperativas devido à falta de informação integrada de cada paciente, além de uma mais frequente utilização dos serviços da Unimed, que, no atual modelo de remuneração, conforme mencionado anteriormente, representa maiores custos assistenciais.

Portanto, no atual cenário, a Atenção Primária à Saúde (APS), deve ser o pilar central do atendimento médico de qualidade, como mostra o Manual divulgado pelo portal Unimed. Segundo esse estudo, a APS consegue promover o tratamento e reabilitação de até 80% das patologias, antes das necessidades do atendimento secundário, que exige conhecimento médico mais especializado.

A adesão do enfoque em APS, além de reduzir custos, diminuindo a necessidade de utilização e atendimento desnecessário de maior complexidade, ainda pode ser revertido em redução da necessidade de integralização da Margem de Solvência das Unimeds, ou seja, a APS pode ajudar a cooperativa a economizar de diversas formas.

Visando auxiliar e incentivas as operadoras nessa mudança, a ANS lançou o Programa de Certificação de Boas Práticas em Atenção à Saúde, que certifica e beneficia operadoras que derem início a programas de APS. Para entender mais sobre o programa, montamos um e-book para você.

 

4 – Ampliação dos Serviços Próprios

Sabendo da importância do controle de custos, as cooperativas que possuem capacidade financeira e oportunidade buscam na ampliação da verticalização a forma de garantir o controle de custos e a sustentabilidade operacional com a segurança da disponibilidade de redes.

Em todos os grandes centros urbanos, quase todos os hospitais privados ou já foram vendidos ou estão sendo assediados pelos grupos estrangeiros, com grande participação dos fundos de investimentos, tais como Pátria, Gávea, KKR, Bozanno, entre outros.

O crescimento das medicinas de grupo verticalizadas acaba gerando uma pressão adicional para que os hospitais sejam vendidos, já que a manutenção da operação no formato atual poderá refletir em altas taxas ociosidades e prováveis prejuízos futuros.

Com a rede prestadora sendo minada, a verticalização é uma forma de reagir neste ambiente, assegurando a sustentabilidade operacional e financeira para a própria demanda.

 

5 – Acesso ao Mercado de Capitais e às Fontes de Financiamento de Longo Prazo

Como já se sabe, o setor da saúde suplementar teve dois grandes marcos em 2018, a entrada da Hapvida e Notre Dame Intermédica no mercado de capitais, com seus IPOs (Initial Public Offering, ou Oferta Púbilca Inicial de Ações, em que as empresas passam a negociar suas ações na bolsa de valores) que movimentaram R$3,3 bi e R$2,7 bi, respectivamente. Com essas movimentações, os grupos de operadoras, passaram a expandir suas atuações em território nacional, criando um cenário de alta competitividade na saúde suplementar brasileira, que antes praticamente não existia.

Com acesso ao mercado de capitais, enquanto houver oportunidades de crescimento com aquisições e crescimento da base de clientes, essas empresas terão capacidade de investimentos praticamente ilimitada. Então, como o Sistema Unimed conseguirá igualar a capacidade de investimentos desses grandes players?

Com a recente queda de juros, e a projeção de mais cortes na Selic, captar recursos está cada vez mais atrativo. A começar pelos Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs), instrumento financeiro para captação, muito utilizado por diversos segmentos no mercado brasileiro, e que eu trouxe à realidade do setor da saúde, com a estruturação do primeiro FII para a construção de um Hospital, o Hospital da Unimed Sul Capixaba, o HUSC 11. Além da possibilidade de captação junto ao mercado financeiro, a tomada de capital de terceiros com às instituições financeiras brasileiras oferecem com a queda de juros, taxas competitivas e atrativas, principalmente por meio das linhas de fomento que analisamos em vários de nossos projetos de Viabilidade Econômica e Captação de Recursos.

Como mencionei em algumas de minhas publicações, estamos passando pela “nova era” do setor de saúde suplementar, e para concorrer de igual com esses grandes grupos que estão se formando, as Unimeds devem trabalhar com eficiência em custos, estratégia de posicionamento de mercado bem definida e uma sustentabilidade financeira (O Tripé da Sustentabilidade).

Em minhas próximas publicações comentarei mais sobre cada uma destas estratégias.

 

Viabilidade para Negócios na Saúde

A consultoria XVI Finance, com sede em Ribeirão Preto (SP), desenvolve projetos na área da saúde exclusivamente para operadoras de saúde, cooperativas médicas, clínicas e hospitais. Seu escopo de atuação é direcionado para melhorar o desempenho financeiro de seus clientes mediante o direcionamento estratégico e desenvolvimento de projetos de investimento.

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