O reajuste da ANS em 2022 será suficiente para a recuperação das operadoras de saúde?

Entretanto a seguinte pergunta fica no ar: o reajuste será o suficiente para reverter o prejuízo das operadoras de saúde?

Conteúdo

O aumento dos custos das operadoras de saúde passou a ter maiores efeitos a partir de 2021 mas permanecem até os dias atuais.

Os impactos da pandemia para a saúde suplementar

No primeiro ano de pandemia (2020) houve uma pressão sobre o SUS enquanto a saúde suplementar teve um ano com resultados recordes devido a menor utilização dos beneficiários. Já no segundo ano (2021), com a segunda onda do coronavírus, a pressão também chegou para as operadoras de saúde com o aumento repentino das internações.

Com a redução da frequência de utilização em 2020, a ANS divulgou pela primeira vez um reajuste negativo dos planos de saúde, em – 8,1%.

A redução negativa seguiu a fórmula de cálculo estabelecida, que considera a variação das despesas em saúde, a frequência de utilização dos planos e a incorporação de novas tecnologias.

No segundo semestre de 2021, com o maior controle da pandemia houve a flexibilização das restrições impostas, e as operadoras vivenciaram um aumento da utilização devido a retomada dos procedimentos eletivos represados, além de uma elevação generalizada dos custos assistenciais. Ou seja, houve em paralelo a redução das receitas com o reajuste negativo, a elevação dos custos e despesas assistenciais e não assistenciais, o que elevou a sinistralidade e reduziu as margens. Como resultado, no primeiro trimestre de 2022 o setor apresentou um prejuízo histórico. Ao que tudo indica, o segundo trimestre será ainda pior.

ANS confirma reajuste histórico no setor

Esse cenário atípico, somado a inflação acumulada sobre materiais e medicamentos e o aumento da utilização, fez com que a ANS seguisse novamente a sua fórmula de reajuste e para compensar a decisão tomada em 2021, autorizou em maio o limite de reajuste dos planos de saúde para 2022/2023 em 15,5%. No gráfico abaixo, a quebra das tendências com a oscilação momentânea dos índices fica evidente:

Em um cenário de alta do IPCA, com grande representatividade do impacto do reajuste dos planos de saúde no indicador, os holofotes têm se voltado para o setor, que foi alvo de críticas públicas e pressões políticas em ano de eleições. 

Entretanto a seguinte pergunta fica no ar:

O reajuste será o suficiente para reverter o prejuízo das operadoras de saúde?

Antes de responder essa pergunta, é necessário retomarmos o seguinte conceito: o valor do dinheiro se altera ao longo do tempo. Diversos índices são responsáveis pelo reajuste de preços na nossa sociedade.

Assim como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) busca refletir o aumento generalizado dos preços para a população brasileira e o Índice Nacional da Construção Civil (INCC) indica o aumento dos preços relativos à construção civil, a Variação do Custo Médico Hospitalar (VCMH) indica o aumento dos custos assistenciais para o setor de saúde.

Com isso em mente, vamos considerar que uma operadora com as seguintes características em 2019:

  • Ticket médio por beneficiário: R$300;
  • Custo assistencial médio por beneficiário: R$240 (Sinistralidade de 80%);
  • Despesas administrativas por beneficiário: R$30 (10% das receitas);
  • Resultado por beneficiário: R$30 (Margem operacional de 10%).

Assumindo que:

  • Ticket médio é todo corrigido pelo Reajuste ANS no ano fechado (cenário hipotético, visto que apenas planos individuais ou familiares possuem limitação de reajuste e o reajuste é aplicado de maio a abril)
  • O custo assistencial médio é corrigido pelo VCMH; e
  • As despesas administrativas são corrigidas pelo IPCA.

 

Recortando o período entre 2019 a 2022, considerando os dados apresentado no gráfico acima, temos:

Esse exemplo resume o que o setor passou nos últimos três anos. A começar com os resultados recordes em 2020 com a redução dos custos temporariamente, mas com sua forte retomada em 2021 e 2022 que consumiu as margens das operadoras levando-as a um prejuízo histórico. Com base em dados do Prisma Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar da ANS, fica evidente essa quebra de tendências no setor e falta de previsibilidade que levou aos resultados recentes:

Como o reajuste das receitas assistenciais vem sendo menor do que a VCMH e o IPCA, custos e despesas aumentaram em um nível superior ao aumento das receitas elevando a sinistralidade e reduzindo os resultados. O que se evidencia é que o reajuste de 15,5% não será o suficiente para compensar a elevação dos custos assistenciais e não assistenciais. Enquanto o reajuste real nos últimos três anos foi de 14,7%, o VCMH cresceu 49,5% e o IPCA cresceu 23,4%, levando o setor a margens negativas.

O reajuste que será anunciado em 2023 deverá novamente repassar a alta inflação médica e o alto IPCA de 2022 para o preço dos planos de saúde. Muitas operadoras deverão atingir a insustentabilidade financeira nos próximos meses e apenas as eficientes conseguirão manter a competitividade em um cenário de estreitamento de margens em paralelo à redução do poder aquisitivo da população.

Lembrando que mar calmo nunca fez bom marinheiro. Oportunidades surgirão para as operadoras eficientes.

Nós da XVI Finance estamos sempre atentos às ameaças e oportunidades do setor para garantir aos nossos clientes segurança, sustentabilidade, inovação e resultado. Conte conosco.

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 5 / 5. Número de votos: 13

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

Como você achou esse post útil...

Sigam nossas mídias sociais

Lamentamos que este post não tenha sido útil para você!

Vamos melhorar este post!

Diga-nos, como podemos melhorar este post?

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn
Share on whatsapp
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin