Saúde Suplementar Segue com Resultados Positivos

Há cerca de três meses, em minha última postagem sobre os resultados da saúde suplementar (SS), coloquei algumas expectativas para o segundo trimestre de 2024:

  1. Os resultados reduziriam, em relação ao primeiro trimestre, mas permaneceriam positivos;
  2.  Já que a sinistralidade seria maior; e
  3.  A tendência de concentração dos resultados também se manteria.

Todos esses se confirmaram, e a saúde suplementar segue ganhando fôlego. Veja a nossa análise a seguir:

Resultados operacionais positivos, mas com redução no 2º trimestre

O resultado operacional acumulado nos dois primeiros semestres de 2024 foi de R$ 2,45 bilhões, sendo R$ 1,85 bilhão referente ao 1º tri e R$ 0,60 bilhão referente ao 2º tri.

Essa redução era esperada, por se tratar de um comportamento histórico de sazonalidade da saúde suplementar em termos de utilização dos beneficiários.

Apesar desta redução no 2º trimestre, ao olharmos os resultados operacionais históricos acumulados no primeiro semestre, encontramos dados mais otimistas. Como dito, o primeiro semestre de 2024 alcançou resultado operacional de R$ 2,45 bilhões, valor que não se via desde 2021. Como comparativo de desempenho, o primeiro semestre de 2023 apresentou prejuízo operacional de -R$ 4,32 bilhões e o primeiro semestre de 2022 -R$ 5,43 bilhões.

Abaixo deixo minhas expectativas de momento para os próximos trimestres, seguindo o comportamento histórico. Se confirmadas, o resultado operacional do setor pode ser próximo de R$ 4,5 bi.

Aumento na sinistralidade, porém abaixo dos últimos anos.

A sinistralidade do setor alcançou no primeiro semestre de 2024 o menor valor desde a pandemia, fechando em 83,8%. Embora o valor seja maior que os 82,5% do primeiro trimestre, o mercado ainda mostra a recuperação de fôlego das operadoras com a redução dos seus custos.

  • Muitos resultados, pouca divisão

Conforme mostro abaixo, cerca de 56,9% das operadoras tiveram resultados operacionais positivos, ou seja, pouco menos da metade das OPS ainda estão no vermelho em suas operações.

Isso leva a uma dinâmica de concentração dos resultados, dos R$ 2,45 bi auferidos, R$ 2,13 bi (quase 90%) ficaram nas mãos de cinco operadoras, sendo as duas maiores parte do mesmo grupo: Hapvida.

  • Expectativas para os próximos trimestres

Diante do comportamento observado nos primeiros seis meses de 2024, as projeções para o restante do ano seguem uma tendência histórica, mas com nuances importantes que precisam ser consideradas.

 

  1. Melhora Moderada no Terceiro Trimestre: Historicamente, o terceiro trimestre tende a apresentar resultados operacionais ligeiramente melhores que o segundo, ainda que não sejam tão expressivos quanto os do primeiro trimestre. Espera-se que o setor mantenha sua trajetória positiva, com resultados que devem girar em torno de R$ 0,6 a R$ 0,7 bilhão. Essa expectativa é sustentada por um possível controle mais eficaz dos custos operacionais e uma leve recuperação na sinistralidade.
  2. Sinistralidade em Níveis Controlados: A tendência de alta na sinistralidade observada no segundo trimestre pode se estabilizar ou até mesmo reduzir, dado o esforço das operadoras em otimizar seus processos e reestruturar redes de atendimento. A expectativa é que a sinistralidade no terceiro trimestre se mantenha próxima dos 85%, refletindo a continuidade da recuperação gradual dos custos do setor.
  3. Concentração de Resultados: A concentração dos resultados deve se acentuar ou ao menos se manter.
  4. Projeção para o Fechamento do Ano: Com base nas expectativas atuais e no comportamento histórico do setor, estima-se que o resultado operacional da saúde suplementar em 2024 possa se aproximar de R$ 4,5 bilhões, consolidando uma recuperação significativa em relação aos últimos anos. No entanto, esse resultado dependerá fortemente de como o setor navegará os desafios mencionados, especialmente no que tange à gestão de custos e à sinistralidade.

 

Essas projeções, embora baseadas em dados e tendências atuais, devem ser interpretadas com cautela, dado o dinamismo do setor e as incertezas macroeconômicas que podem afetar a saúde suplementar no Brasil.

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José Luis Orsi Martins

Gerente de Inteligência

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