Dentre tantas expectativas, 2021 certamente será um ano desafiador para o setor, e será ditado pela velocidade. Será um ano da corrida contra o tempo, seja para vacinar a população, para salvar pessoas e empresas. Em termos de gestão de operadoras de saúde, será a corrida para desenvolver projetos e buscar a sustentabilidade para sobreviver neste ambiente.
Se por um lado teremos desafios para a recuperação econômica, por outro há um excesso de liquidez em muitos mercados. É o caso da saúde suplementar.
Por isso, em 2021 a agilidade para tomar decisões e implementar projetos será uma importante variável na equação do sucesso no setor.
Aliás, grandes decisões já foram anunciadas neste ano, como por exemplo a possível fusão entre Hapvida e Intermédica (Como seria o novo grupo formado?). Estas duas empresas demonstram como a agilidade é importante no mercado. Em média, realizaram mais de 1 aquisição por mês, mesmo durante a pandemia.
Por que algumas empresas são mais rápidas do que outras? Como aumentar velocidade na tomada de decisão e na implementação de projetos?
São reflexões importantes. Por isso, elenquei 5 principais fatores que considero ser necessário para tornar uma empresa mais ágil.
1. Planejamento
Planejar é antecipar as decisões. Embora seja um conceito básico de gestão, mesmo as grandes empresas não possuem um planejamento estratégico claro, bem estruturado e efetivo. O planejamento que irá definir a estratégia de competição, seja com verticalização, com aquisições e o modelo de crescimento a ser adotado.
Comento com os meus alunos que se fosse para escolher um tópico mais importante em Administração seria para dominarem o conceito de PDCA.:
- P (Plan): Planejamento, estabelecendo meta e indicações;
- D (Do): Execução, com planos de ações e responsáveis, usando o conceito de “Dono de Linha” dentro dos resultados projetados;
- C: (Check): Verificação e monitoramento dos resultados, para confrontamento com os resultados esperados;
- A (Act): Agir para corrigir os resultados, rodando novamente todo o ciclo.
2. Gestão Orçamentária
O Orçamento é o desdobramento quantitativo, operacional e financeiro do planejamento realizado. Após extensa discussão estratégica, elabora-se o Orçamento para aprovação com o Conselho, Diretoria e Gestores. Em seguida, todos se concentram na sua execução.
A gestão orçamentária é fundamental para dar celeridade. Como as decisões já foram aprovadas, a execução pode ser rápida e monitorada pelos indicadores de desempenho.
Sem orçamento, qualquer decisão relevante precisaria de um longo período para aprovação.
3. Profissionalização e Governança
Para que os itens anteriores tenham efeito, precisamos de um efetivo modelo de Governança e de profissionais altamente qualificados para elaborar e implementar o planejamento e orçamento.
A profissionalização é fundamental para obter agilidade e permitir o crescimento das organizações. Como exemplo o CFO da Hapvida, responsável pelo processo crescimento via aquisições até aqui, foi colega de doutorado na USP de um de nossos sócios na consultoria. Altamente qualificado na área financeira, foi responsável pela implementação do projeto de crescimento da empresa.
Junto à profissionalização, vem também a maior capacidade de dedicação à área e à empresa. Ainda é comum observar grandes empresas com a gestão desenvolvida por profissionais sem conhecimento na área.
Por outro lado, a celeridade não pode ser confundida com perda de controle. Por isso, os mecanismos de Governança devem assegurar um fluxo correto de decisão e prezar pelo fortalecimento de seus pilares:
A RN 443 (2019) dispõe sobre a adoção de práticas mínimas de governança pela operadoras, com ênfase em controles internos e gestão de riscos, para fins de solvência das operadoras de planos de assistência à saúde. Muitas operadoras terão que se adaptar às exigências básicas, tão comum em empresas estruturadas.
4. Reorganizações societárias: criação de Holding
As Holdings são empresas constituídas para realizar investimentos societários (participação em outras empresas) e empreendimentos imobiliários, entre outros.
As reorganizações societárias permitem trazer novos sócios e implementar outros negócios relacionados ao setor, dentre tantas oportunidades latentes na saúde suplementar. Além disso, permite acessar recursos financeiros via outros mecanismos de dívida (tais como debênture para as S.As) e capital de investidores.
Com estes objetivos, algumas cooperativas já evoluíram a estrutura com uma holding para desenvolvimento de parcerias, novos negócios e outras composições societárias adequadas a cada empreendimento.
5. Acesso a recursos financeiros (mercado financeiro)
A restrição de capital é um problema para conseguir executar mais projetos e com mais celeridade. Por isso, apenas com capital próprio é difícil implementar um crescimento rápido. Adicionalmente, em termos conceituais, o custo do capital próprio é mais caro do que capital de terceiros, sendo que projetos de longo prazo devem ser estruturados com capital de longo prazo.
O desenvolvimento do mercado de crédito e do mercado de capitais estão intrinsicamente ligados ao desenvolvimento das empresas e da economia. Por isso, deveremos ver cada vez mais operadoras, rede de hospitais, laboratórios, etc, acessando o mercado financeiro com emissão de dívida estruturada (Certificado de Recebíveis Imobiliário – CRI), constituição de Fundo de Investimento Imobiliário – FII, emissão de debêntures e ações.
Vale destacar que quanto menor o custo de capital na economia, mais fácil e mais rápido este ciclo acima consegue ser desenvolvido.
Por isso, o momento atual deve acelerar este processo de investimento no setor.
Que seja um ano dinâmico e que possamos ser ágeis!
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