Eu acredito que a sustentabilidade das operadoras de planos de saúde (OPS) é essencial para o futuro da saúde suplementar no Brasil. Recentemente, um estudo aprofundado revelou como os modelos preditivos podem ser utilizados para identificar OPS em risco de falência, analisando fatores financeiros e operacionais críticos que afetam a estabilidade dessas empresas. Esse tipo de análise é fundamental para garantir a continuidade e a qualidade dos serviços oferecidos à população.
A saúde suplementar desempenha um papel crucial, oferecendo acesso a serviços de saúde privados a mais de um quarto da população brasileira. No entanto, temos observado uma tendência de redução no número de operadoras de planos de saúde (OPS) sinalizando a concentração do setor. As razões dessa redução no número de operadoras incluem o encerramento das operações por pedido da operadora, por determinação da ANS, por operações de fusão e aquisição entre outros.
Um estudo recente lançou luz sobre essa questão, investigando as saídas de OPS do mercado relacionadas a falhas corporativas. Essas falhas incluem situações de falência, inadimplência e, de forma mais ampla, a incapacidade das operadoras em cumprir suas obrigações com os stakeholders.
O estudo utilizou uma abordagem empírica, empregando a técnica de regressão logística em dados de 677 operadoras entre 2014 e 2020. O objetivo era desenvolver um modelo preditivo para identificar as OPS em risco de falha. Os resultados revelaram diversas variáveis relevantes:
- Margem EBITDA – capacidade de geração de caixa operacional – OPS em risco de falha tendem a apresentar médias negativas ou inferiores às OPS saudáveis.
- Alavancagem financeira – Um aumento na participação do capital próprio diminui as chances de falha.
- Liquidez – evidenciando a disponibilidade de recursos financeiros – Variáveis como o capital de giro sobre receita total e ativos financeiros sobre passivo circulante mostraram-se indicadores atrelados ao menor risco de falha.
- Representatividade dos Ativos Financeiros mais Recebíveis de Curto Prazo frente ao Passivo Circulante – também representando um medida de liquidez, mas neste caso adicionando os recebíveis de curto prazo – Contrariando expectativas, um aumento nesse indicador está associado a um maior risco de falha, sugerindo a necessidade de atenção especial aos volumes de recebíveis.
Além disso, o estudo identificou duas variáveis categóricas, aquelas não quantitativas, que influenciam nas chances de falha: OPS autogeridas ou cooperativas médicas apresentam menor risco.
O modelo desenvolvido demonstrou uma capacidade discriminatória elevada, com uma taxa de acurácia de 77,8% na previsão do evento de interesse na amostra teste.
Esses achados destacam a importância de uma análise criteriosa das finanças e operações das OPS no contexto da saúde suplementar. A compreensão dessas variáveis pode ajudar a identificar precocemente as operadoras em risco, permitindo ações preventivas e políticas regulatórias mais eficazes para garantir a estabilidade e a qualidade do setor de saúde suplementar no Brasil.
Este estudo oferece uma visão valiosa para os stakeholders do setor, incluindo reguladores, operadoras de planos de saúde e beneficiários, visando promover um ambiente mais resiliente e sustentável para a saúde suplementar no país.
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Fontes:
CINTRA, Vinícius Gabriel Silva. Previsão de falhas corporativas nas operadoras de planos de saúde de assistência médica: uma análise do setor de saúde suplementar brasileiro. 2022. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2022. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/96/96133/tde-24012023-100709/. Acesso em: 01 fev. 2024.
O estudo discutido explora a utilização de modelos preditivos para avaliar a sustentabilidade das operadoras de planos de saúde (OPS) no Brasil. Utilizando dados de 677 operadoras entre 2014 e 2020, foi aplicada uma análise de regressão logística para identificar fatores que aumentam o risco de falência dessas empresas. As principais variáveis analisadas incluíram margem EBITDA, alavancagem financeira e liquidez, além de características categóricas das OPS. O modelo apresentou uma precisão de 77,8% em prever riscos, destacando a importância de monitorar de perto esses indicadores para evitar falências e promover um ambiente mais estável na saúde suplementar.
Saiba mais sobre
O que são OPS na saúde suplementar?
OPS são operadoras de planos de saúde responsáveis por oferecer serviços de saúde privados no Brasil.
Quais fatores financeiros influenciam o risco de falha das OPS?
A margem EBITDA, alavancagem financeira e liquidez são os principais fatores que influenciam o risco de falência das OPS.
Qual técnica foi utilizada no estudo para desenvolver o modelo preditivo?
O estudo utilizou a técnica de regressão logística aplicada a dados de 677 operadoras de planos de saúde.
O que significa uma margem EBITDA negativa para uma OPS?
Uma margem EBITDA negativa indica uma baixa capacidade de geração de caixa operacional, associada a um maior risco de falência.
Como a representatividade dos ativos financeiros influencia o risco de falha?
Um aumento na representatividade dos ativos financeiros e recebíveis de curto prazo frente ao passivo circulante pode indicar um maior risco de falha.
Quais tipos de OPS têm menor risco de falência?
OPS autogeridas ou cooperativas médicas apresentam menor risco de falha em comparação com outras.
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