Neste artigo, exploro o endividamento das operadoras de saúde no Brasil, destacando como as dívidas podem ser boas ou ruins dependendo de sua finalidade. Analisando os números de 2022, mostro as diferenças entre as modalidades de financiamento e o impacto no setor.
Dívida é uma palavra comumente odiada pelas pessoas, algo que tira o sono e gera preocupações. Contudo, as dívidas aqui descritas como empréstimos e financiamentos tem uma razão de existir e podem ser extremamente benéficas para as empresas.
Para mostrar meu ponto de vista e para que vocês reflitam sobre o tema, primeiramente vamos definir o que é uma dívida boa e o que é uma dívida ruim utilizando uma regra de bolso:
“Se uma dívida ajuda a melhorar o resultado da sua empresa ou é necessária temporariamente para a sobrevivência é uma boa dívida. Se não fizer isso e você ainda tiver dificuldades para pagar é uma dívida má”.
Dentre os exemplos de captação de dívidas para melhoria de resultado estão os projetos de verticalização de recursos assistenciais, reformas e expansões destes recursos, aquisição de empresas que irão gerar economias, trazer novas receitas e diversificar riscos entre outras possibilidades. Portanto, quando há uma oportunidade de investimento em projetos que irão agregar valor para a empresa a captação de recursos é indicada.
Em relação as dívidas más, cito como exemplos captações para saneamento de déficits de caixa sem reequilíbrio, ou seja, a contínua necessidade a “apagar incêndios”, além disso, taxas de juros excessivamente altas e excesso de endividamento.
Realizados os devidos esclarecimentos para que todos estejamos na mesma página sobre o tema de hoje. Sigamos para as análises.
Evolução dos empréstimos e financiamentos
No ano de 2022, o total de empréstimos e financiamentos das autogestões, filantropias, medicinas de grupo e cooperativas médicas somaram R$ 5,8 bilhões. O valor, além de configurar o maior montante dos últimos anos, apresentou um aumento de 5,2% com relação ao ano anterior, o que representa mais de R$ 289,8 milhões.
Avaliando apenas o ano de 2022, verificamos que em relação ao total, as cooperativas médicas apresentavam o maior volume de empréstimos e financiamentos 57,2%, seguidas das medicinas de grupo com 31,5%.
Analisando a composição dos empréstimos e financiamentos, é possível notar uma queda de 2,1% no montante de contratações de longo prazo, mas um aumento de 24,9% nos financiamentos de curto prazo.
Em relação ao índice de endividamento, todas as modalidades analisadas apresentaram elevação do endividamento oneroso sobre o ativo total no último ano, com exceção das medicinas de grupo, com uma queda de R$491,3 milhões no total de empréstimos e financiamentos de curto e longo prazo. Entre 2021 e 2022, as cooperativas médicas tiveram o maior aumento entre as modalidades analisadas, tanto em números absolutos, com um acréscimo de R$688,7 milhões, quanto em variação percentual (+25,7%).
Endividamento de Curto Prazo x Longo Prazo
No último ano, todas as modalidades analisadas apresentaram aumento de endividamento no curto prazo em montante. As cooperativas médicas apresentaram a maior variação em números absolutos, cravando um aumento de R$ 258,2 milhões, o que representa um salto de 34,9% em relação ao período anterior.
Com relação ao endividamento de longo prazo, com exceção das medicinas de grupo, todas as modalidades analisadas apresentaram aumento no indicador. As cooperativas médicas apresentaram a maior variação em porcentagem (+22,16%), o que representa mais de R$ 430,4 milhões com relação ao período anterior.
Conclusão
Ao longo deste estudo, verificamos que no geral houve um aumento do endividamento no conjunto das operadoras de saúde, mas o que isso significa?
Se analisado no conjunto o endividamento oneroso das operadoras é baixo, atingindo 3,5% em relação ao ativo total. O que pode gerar preocupação são casos de operadoras específicas que sozinhas apresentam endividamentos altos e não relacionados às dívidas boas, ou seja, que vão apoiar a melhora do resultado da empresa ou que são necessárias temporariamente para a sobrevivência.
Em breve, voltaremos a analisar esse tema.
Observação: Para a presente análise, vale ressaltar que foram desconsideradas operadoras exclusivamente odontológicas e administradora de benefícios. Adicionalmente, a modalidade Seguradora Especializada em Saúde foi desconsiderada por não apresentar nível de endividamento bancário nos últimos dois anos.
Neste artigo, analiso o endividamento das operadoras de saúde, diferenciando entre dívidas boas e ruins. Em 2022, o setor registrou um aumento significativo no total de empréstimos e financiamentos, com destaque para as cooperativas médicas. Examino a evolução das dívidas de curto e longo prazo e concluo que, embora o endividamento geral ainda seja baixo em relação aos ativos, algumas operadoras apresentam riscos elevados devido a dívidas não produtivas.
Saiba mais sobre
O que é considerado uma dívida boa para as operadoras de saúde?
Uma dívida que melhora os resultados da empresa ou é temporária para sua sobrevivência.
Como foi o endividamento total das operadoras de saúde em 2022?
As operadoras somaram R$ 5,8 bilhões em empréstimos e financiamentos, um aumento de 5,2% em relação ao ano anterior.
Qual setor teve o maior volume de empréstimos em 2022?
As cooperativas médicas, com 57,2% do total de empréstimos.
Houve um aumento no endividamento de curto prazo em 2022?
Sim, especialmente nas cooperativas médicas, que tiveram um aumento de 34,9%.
O endividamento de longo prazo também aumentou?
Sim, houve um aumento em quase todas as modalidades, com destaque para as cooperativas médicas.
O que pode preocupar no endividamento das operadoras de saúde?
Operadoras específicas que apresentam altos níveis de endividamento não produtivo.
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