Desafios e tendências no setor hospitalar: Custos

Entenda os principais desafios financeiros no setor hospitalar, incluindo custos com pessoal e insumos. Descubra as tendências que influenciam a gestão eficiente e a sustentabilidade das instituições de saúde.

No cenário atual do setor hospitalar, o controle dos custos é um desafio constante. Eu analiso as principais despesas que impactam as operações dos hospitais, desde os gastos com pessoal até os insumos e despesas financeiras. Este artigo destaca as tendências e oportunidades para uma gestão mais eficiente, buscando manter a sustentabilidade diante das pressões econômicas.

Após em nossos estudos anteriores analisarmos os insights fornecidos pelos dados financeiros das operadoras de saúde e explorarmos o panorama das receitas no setor da saúde, é crucial adentrarmos agora na análise detalhada das despesas hospitalares.

[LEIA]: Como o aumento das glosas afeta operadoras de saúde e hospitais?

De acordo com os dados da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP), vemos que o principal fator de custo dentro da operação hospitalar é o “Custo com Pessoal”, representando 37% de todos os gastos, conforme evidencia a imagem abaixo:

Fonte: Balanço Observatório ANAHP
Fonte: Balanço Observatório ANAHP
Fonte: Balanço Observatório ANAHP
Fonte: Balanço Observatório ANAHP

 

1. Análise de custos hospitalares: Gastos de Pessoal

Historicamente, os gastos com pessoal sempre foram a principal linha de despesas dentro dos hospitais ANAHP. Em 2022, houve um salto de representatividade deste indicador, justificado pelo reajuste do piso salarial devido a inflação. Um exemplo disso, seria a variação do valor mediano do piso salarial, de R$ 1.352 em 2021 para R$ 1.481 em 2022. Em 2023, com um menor reajuste e um aumento maior dos insumos hospitalares, o gasto com pessoal apresentou redução na representatividade para um nível similar aos anos anterior:


Fonte: Balanço Observatório ANAHP

Vale destacar que, mesmo com essa recente queda na representatividade dos custos com pessoal, a tendência é de aumento nos próximos anos, dados os projetos que buscam instituir pisos salariais para diversas categorias no setor da saúde. A mais relevante delas é o piso nacional da enfermagem, cujos impactos já apresentamos nesta publicação.

2. Análise de custos hospitalares: Insumos

Olhando para o comportamento dos gastos com insumos hospitalares (Medicamentos, materiais, OPMEs, gases medicinais e outros) visualizamos uma “recuperação” na representatividade no último ano, devido a inflação destes insumos acima do reajuste salarial.

Nota-se também que Medicamentos e OPMEs apresentaram crescimento maior que os demais insumos, passando de 17% de representatividade em 2020 para 20% em 2023, ambos somados:


Fonte: Balanço Observatório ANAHP (2024).

Esses números evidenciam a necessidade de uma gestão eficaz dos fornecedores e da cadeia de suprimentos, o que tem levado a um aumento da consolidação do segmento, com hospitais sendo comprados em todo o país por grupos hospitalares e operadoras verticalizadas. Essa estratégia permite um maior poder de barganha perante a fornecedores, garantindo custos diferenciados. Além disso, a pressão destes custos leva a um aumento do custo do serviço prestado, o que pressiona as fontes pagadoras (convênios em sua maioria), elevando as glosas e o prazo médio de recebimento dos prestadores.

3. Análise de custos hospitalares: outros gastos operacionais

Olhando para as demais linhas de custo, verificamos que outros gastos operacionais têm apresentado redução, tendo em vista o crescimento da representatividade dos gastos com pessoal e custos de insumos. Isso pode evidenciar onde estão os cortes de custos mais representativos dos hospitais, para garantir a sustentabilidade operacional em meio à pressão de custos que o setor tem passado.


Fonte: Balanço Observatório ANAHP (2024).

4. Análise de custos hospitalares: Despesas financeiras

As “Despesas Financeiras”, que historicamente tinha pouca representatividade nos gastos dos hospitais, tem apresentado forte crescimento nos últimos anos. Esses custos incluem principalmente os juros sobre empréstimos e financiamentos. Embora o Observatório não compartilhe dados de endividamento das instituições, esse indicador é valioso, e evidencia os desafios que os hospitais possuem desde a pandemia.

Com o fluxo de caixa pressionado, com restrições orçamentárias para novos investimentos e uma elevação da taxa de juros no período, as despesas financeiras pressionaram os resultados dos hospitais.


Fonte: Balanço Observatório ANAHP (2024).

Com o descompasso de caixa gerado pelo aumento das glosas e prazo médio de recebimento, a tomada de crédito para capital de juro continua necessária. Para os próximos meses e anos, com a expectativa pela redução de juros, é possível que esse indicador apresente redução, mas dependerá da recuperação dos resultados operacionais dos hospitais.

5. Análise de custos hospitalares: Ganho de eficiência nos hospitais

Frente aos desafios que o setor tem apresentado, os hospitais buscaram tornar a operação mais eficiente. O relatório evidenciou uma redução da despesa líquida por paciente-dia, indicando uma melhoria na gestão operacional das instituições de saúde, possibilitando uma melhor utilização dos recursos disponíveis.

Essa tendência não só reflete a capacidade de adaptação e inovação dos hospitais diante de desafios crescentes, mas também sinaliza um direcionamento a uma prestação de serviços mais eficiente e sustentável.

Fonte: Balanço Observatório ANAHP
Fonte: Balanço Observatório ANAHP
Fonte: Balanço Observatório ANAHP
Fonte: Balanço Observatório ANAHP

Os dados divulgados pela ANS e os dados do Balanço Observatório Anahp 1ª edição evidenciam os desafios que tanto a saúde suplementar, quanto o setor hospitalar percorrerão nos próximos anos.

Em nosso próximo estudo, após discorrermos as respeito das receitas e dos custos, abordaremos os resultados do setor hospitalar.

Para estudos específicos para o seu negócio, estaremos na Hospitalar 2024, nos próximos dias 21 e 22 de maio, agende um bate-papo.


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Neste artigo, analiso os principais desafios enfrentados pelo setor hospitalar em relação aos custos, com foco em gastos com pessoal, insumos, e despesas financeiras. Discuto como essas despesas influenciam a sustentabilidade das operações e exploro as tendências que estão moldando a gestão hospitalar. A análise também revela a importância da eficiência operacional e da negociação com fornecedores para mitigar os impactos financeiros, proporcionando insights valiosos para profissionais da saúde e gestores hospitalares.

Saiba mais sobre

Qual é o principal desafio de custos no setor hospitalar?
O principal desafio são os gastos com pessoal, que representam uma parte significativa das despesas hospitalares.

Como a inflação impactou os custos com pessoal nos hospitais?
A inflação elevou o piso salarial, aumentando a representatividade dos gastos com pessoal em 2022.

Quais insumos hospitalares tiveram maior aumento de custo?
Medicamentos e OPMEs registraram um aumento significativo, subindo de 17% em 2020 para 20% em 2023.

Como os hospitais estão lidando com o aumento dos custos de insumos?
Muitos hospitais estão consolidando operações para melhorar o poder de barganha com fornecedores.

O que tem pressionado as despesas financeiras dos hospitais?
O aumento das taxas de juros e a necessidade de crédito têm elevado as despesas financeiras.

Qual é a tendência para a eficiência operacional dos hospitais?
Os hospitais têm buscado reduzir as despesas líquidas por paciente-dia, indicando melhorias na gestão operacional.

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