Consolidação na Saúde Suplementar: Sustentável

Nos últimos anos, a saúde suplementar brasileira tem vivido uma profunda transformação. O cenário de instabilidade econômica, envelhecimento populacional e aumento dos custos assistenciais vem desafiando o equilíbrio financeiro das operadoras. Ao mesmo tempo, o setor se movimenta em busca de soluções estruturantes, e a consolidação desponta como um dos caminhos mais viáveis para garantir a sustentabilidade e a continuidade dos serviços prestados.

 

Neste artigo, reunimos dados recentes, analisamos o contexto e mostramos como o movimento de consolidação pode ser uma resposta estratégica para operadoras que buscam perenidade, ganho de escala e mais eficiência na gestão.

Um setor sob pressão: os números da saúde suplementar 

Segundo dados da ANS e do IESS, os custos com saúde continuam subindo em ritmo superior à inflação. O índice VCMH (Variação de Custos Médico-Hospitalares) superou o IPCA em todos os anos, com exceção de 2020, gerando um descompasso entre receitas e despesas. Essa realidade afeta diretamente os indicadores financeiros das operadoras.

Os efeitos são perceptíveis:

  • Aumento da sinistralidade: as despesas assistenciais consomem grande parte das receitas.
  • Redução das margens operacionais e líquidas: a rentabilidade está cada vez mais comprometida.
  • Dificuldade para manter o capital regulatório exigido pela ANS.
  • Queda na capacidade de investimento e inovação.

Este cenário levou à redução expressiva do número de operadoras em atividade. De acordo com a ANS, entre 2015 e 2023, mais de 250 operadoras deixaram o mercado — sendo 215 não vinculadas ao Sistema Unimed e 37 Unimeds.

Fonte: ANS, dezembro de cada ano

Por que a consolidação tem ganhado destaque?

A consolidação, entendida como o processo de união entre operadoras — seja por fusão, incorporação ou transferência de carteira — tem se mostrado uma resposta estruturante à complexidade atual do mercado.

Entre os principais objetivos estratégicos da consolidação, destacam-se:

  • Ganhos de escala: diluição de custos fixos e operacionais;
  • Melhor poder de barganha com prestadores e fornecedores;
  • Acesso a novos mercados e regiões geográficas;
  • Compartilhamento de know-how e unificação de sistemas e processos.

No caso das cooperativas médicas, como as Unimeds, há ainda o fortalecimento do modelo cooperativista, que valoriza o trabalho médico e assegura maior proteção contra grandes grupos financeiros que avançam no setor.

Riscos de não se mover

Enquanto muitas operadoras estão se reorganizando, outras permanecem paralisadas diante do cenário adverso. Esse imobilismo pode acarretar perdas estratégicas importantes:

  • Redução do mutualismo (base do modelo cooperativo);
  • Perda de representatividade regional;
  • Incapacidade de investir em inovação e digitalização;
  • Maior exposição a sanções regulatórias e desassistência.

Por isso, consolidar não é apenas uma oportunidade — pode ser uma questão de sobrevivência.

O papel da Unimed e os modelos aplicados

O Sistema Unimed, responsável por mais de 30% da saúde suplementar no Brasil, já implementou diversos projetos de consolidação. Entre os modelos mais comuns estão:

  • Incorporação: uma Unimed absorve outra, assumindo seus ativos, passivos e carteira.
  • Modelo operadora x prestadora: uma Unimed transfere sua carteira e foca na prestação de serviços.
  • Fusão: duas Unimeds se unem para criar uma nova cooperativa, com novo CNPJ e registro na ANS.

Essas alternativas permitem adequação à realidade local, promovendo o equilíbrio entre autonomia, eficiência e sustentabilidade.

Conclusão: Consolidar é estratégico — e, muitas vezes, necessário

A consolidação representa uma oportunidade de vanguarda para operadoras de saúde suplementar que desejam enfrentar os desafios do setor com resiliência e visão de futuro. Ao permitir ganhos operacionais, fortalecimento institucional e aumento da competitividade, ela se apresenta como uma resposta concreta às exigências do mercado atual.

No entanto, a decisão exige planejamento, estudos de viabilidade, análise regulatória e, acima de tudo, alinhamento entre os envolvidos. Mais do que uma tendência, consolidar é um movimento necessário para quem deseja permanecer relevante e sustentável no longo prazo.

Saiba mais sobre consolidação na saúde suplementar

O que é consolidação no setor de saúde suplementar?
É o processo de união entre operadoras, que pode ocorrer por meio de fusão, aquisição, incorporação ou transferência de carteira. O objetivo é aumentar a escala, melhorar a eficiência e garantir sustentabilidade.

Por que tantas operadoras estão deixando o mercado?
Fatores como aumento da sinistralidade, pressão regulatória, margens comprimidas e dificuldades de investimento têm levado muitas operadoras à insolvência ou à decisão estratégica de encerrar atividades.

Quais são os modelos de consolidação mais comuns?
Os mais utilizados são: incorporação (uma operadora absorve outra), fusão (duas operadoras criam uma nova) e o modelo operadora x prestadora (separação de atividades de gestão e assistência).

Quais os benefícios da consolidação?
Ganhos de escala, maior poder de negociação com fornecedores, redução de custos administrativos, fortalecimento institucional e acesso a novos mercados.

Existem riscos em consolidar?
Sim. Como toda operação estratégica, é preciso avaliar riscos contábeis, tributários e regulatórios. A due diligence é essencial para evitar passivos ocultos.

Como a consolidação fortalece o cooperativismo?
Ao unir forças entre cooperativas, o modelo ganha escala e solidez, protegendo os princípios do cooperativismo e ampliando sua capacidade de atuação frente a grandes grupos econômicos.

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