Captação de Recursos com Instituições Financeiras na Saúde

Tratamos em nossa última publicação sobre a captação de recursos com instituições e agências de fomento, normalmente financiadas com recursos públicos e subsídios governamentais.

Porém, apesar das características de longo prazo e juros reduzidos, nem sempre haverá disponibilidade de recursos, a tempestividade necessária e, principalmente, são condições mais burocráticas e específicas para financiamento de construção e compra de equipamentos.

Alternativamente, as demais instituições financeiras podem ser igualmente competitivas em taxas e prazos, com a vantagem de serem mais flexíveis, ágeis e ofertarem um leque mais amplo de opções de financiamento. No mercado financeiro, as maiores instituições são bastante competitivas, formadas por grandes conglomerados financeiros, com destaque para as 5 maiores: Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica e Santander.

Além dos tradicionais bancos, as cooperativas de crédito vêm ampliando a participação no mercado. Com o benefício da isenção tributária, essas instituições são bastante competitivas e ofertam linhas com longo prazo e estão atendendo volumes de crédito cada vez maiores.

Todas essas instituições possuem diversas formas de financiamento. Descrevo a seguir as principais alternativas para a saúde suplementar:

1- Linha de Capital de Giro: A partir do instrumento da CCB – Cédula de Crédito Bancário, pode ser estruturada com bastante flexibilidade, sendo normalmente utilizada para prazos mais curtos. A vantagem é que não precisa ser destinada exclusivamente para empreendimentos ou destinações específicas. Costuma ser utilizada também para a reestruturação de dívidas.

2- Antecipações de Recebíveis: com maior agilidade, são operações de prazo curto e custo maior, mas são bastante simples e podem ser utilizadas como fonte de recurso emergencial. Também há possibilidade de antecipação por FIDCs e abordaremos essa estrutura mais a frente;

3- Linhas de Financiamento para Construção: As instituições possuem linhas específicas para nova edificações e reformas. Podem atuar como intermediarias do FINEM (BNDES) ou disponibilizar linhas próprias. Em geral, são realizadas na modalidade de reembolso e liberadas conforme evolução construtiva;

4- Linhas para aquisição de Equipamentos: A aquisição de equipamentos clínicos possui crédito direcionado, utilizando o próprio bem como garantia, permitem financiar 100% do valor e com prazos de até 10 anos e com carência de 24 meses. Em geral, as instituições costumam repassar o crédito do FINAME (BNDES). Há também a possibilidade de contratar operações de leasing financeiro ou arrendamento mercantil para os equipamentos hospitalares, com a locação dos equipamentos ao longo de um período estabelecido, normalmente com prazos de 5 anos. Em geral, são boas opções para a curva A de equipamentos, que representam os poucos itens com um maior valor agregado. (Cerca de 20% dos equipamentos representarão algo como 80% do orçamento de equipagem).

5- Demais alternativas de crédito. Além das citadas, algumas instituições oferecem opções específicas, tais como:

A) Captação internacional, por meio da Lei 4131 – Com financiamento internacional, trata-se de um empréstimo em moeda estrangeira para clientes brasileiros. Costuma ser bastante competitiva, mas deve-se travar a operação em conjunto com a contratação de hedge;

B) Plano Empresário: linha destinada ao mercado imobiliário e pode ser utilizada para a construção. Possui a liberação financeira vinculada ao desenvolvimento da obra e, apesar de burocrática (com análise e aprovações de projetos), é uma alternativa bastante competitiva. O financiamento pode chegar até 15 anos e 80% do valor da obra, a depender da instituição.

Essas são as principais alternativas de financiamento voltadas ao setor de saúde. Dependendo das características do empreendimento, é possível acessar condições mais vantajosas, especialmente quando há alinhamento com práticas de desenvolvimento sustentável, como a utilização de energia renovável, geração de impacto social positivo e preservação ambiental. Projetos no setor de saúde que incorporam esses princípios têm se tornado cada vez mais comuns. Para eles, observa-se uma oferta crescente de recursos financeiros, impulsionada pela evolução do mercado em direção aos investimentos ESG (ambientais, sociais e de governança).

Nas próximas publicações, trataremos das estratégias de financiamento via mercado de capitais e operações estruturadas.

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