Por que o CADE aprovaria a fusão entre Hapvida e NotreDame?

Estou acompanhando de perto a possível fusão entre as operadoras de saúde Hapvida e NotreDame. Essa movimentação tem chamado a atenção do mercado devido ao impacto que pode gerar, não apenas nos preços das ações, mas também na dinâmica do setor de saúde suplementar no Brasil. O CADE já está analisando os detalhes dessa operação, considerando pontos importantes que podem influenciar diretamente a decisão final.

Na sexta-feira 08/01 surgiu um rumor de uma possível fusão entre as operadoras Hapvida e NotreDame, refletindo em elevações superiores a 20% no preço de suas ações em questão de instantes. Mais tarde, no mesmo dia, o rumor foi confirmado em publicação no R.I da Hapvida. Para entender melhor a operação, consulte nossa última publicação: Como seria o grupo formado por Hapvida e NotreDame?

A operação combinaria as duas maiores operadoras de saúde do Brasil. Com isso, faz-se importante analisar se essa fusão não suscita preocupações da ótica concorrencial, ferindo o princípio de livre concorrência.

De fato, o porte das empresas e seu faturamento torna obrigatória a notificação da operação para análise por parte do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). No entanto, o processo de análise da autarquia envolve diversas etapas, dentre as quais são abordados alguns pontos que provavelmente permitirão a aprovação da operação. Destacamos alguns:

  1. A atuação geográfica é complementar: Ao analisar uma operação, um dos primeiros pontos desempenhados pelo CADE é definir qual é o mercado relevante em questão. Da ótica geográfica, o mercado de planos de saúde é, na maior parte das vezes, considerado por município ou um pequeno grupo de municípios. Portanto, considerando a distribuição geográfica complementar, são poucas as regiões onde haverá uma concentração intensa de mercado.
  2. Possíveis ganhos para os consumidores: A operação deve suscitar um elevado ganho de escala. Essa sinergia, traduzida em ganhos de eficiência, redução de custos, deve ser transmitida aos preços praticados aos beneficiários. Por isso, espera-se uma transferência de parte deste ganho de escala aos beneficiários. A própria ANS já declarou que o setor de saúde suplementar brasileiro pode se beneficiar de ganhos de escala, por isso, não deve se opor à operação.
  3. Presença de rivais relevantes (Sistema Unimed): Nos locais onde as operadoras Hapvida e NotreDame são competidores (como por exemplo as recentes aquisições em Minas Gerais), prevalece a presença de rivais relevantes – destaca-se o Sistema Unimed com marketing share superior ao que seria obtido pelo grupo. Este fato minimiza a probabilidade do exercício de poder de mercado, podendo influenciar positivamente a aprovação da operação.

Por estes fatores, avaliamos que o CADE deve aprovar a operação com algumas possíveis restrições em algumas das poucas regiões em que ambas possuem relevância no mercado.

Abaixo temos a distribuição da carteira do grupo caso a fusão se confirme:


Fontes:

  1. dados de novembro da ANS;
  2. Somadas as fusões e aquisições divulgadas pelas empresas.

P.S. Texto produzido pelo economista Adriano Braga com apoio do Diretor de Negócios Prof. Dr. Adriel Branco.

A possível fusão entre as operadoras de saúde Hapvida e NotreDame está sendo analisada pelo CADE, que considera a atuação complementar das empresas em diferentes regiões do Brasil. A operação promete ganhos de escala significativos, que poderiam se traduzir em benefícios diretos aos consumidores. Além disso, a presença de rivais fortes como o Sistema Unimed diminui a preocupação com a concentração de mercado. A expectativa é que a fusão seja aprovada, embora com possíveis restrições em algumas regiões específicas.

Saiba mais sobre

Por que o CADE está analisando a fusão entre Hapvida e NotreDame?
O CADE está analisando a fusão devido ao porte das empresas envolvidas e ao impacto potencial na concorrência no mercado de planos de saúde.

Quais são os possíveis benefícios para os consumidores com a fusão?
A fusão pode gerar ganhos de escala, que se traduziriam em redução de custos e preços mais competitivos para os beneficiários dos planos de saúde.

Como a atuação geográfica das operadoras influencia a análise do CADE?
A atuação geográfica complementar das operadoras é um fator positivo, pois reduz a possibilidade de concentração de mercado em regiões específicas.

O Sistema Unimed desempenha algum papel na análise do CADE?
Sim, a presença forte do Sistema Unimed em várias regiões minimiza a preocupação com o possível monopólio do novo grupo resultante da fusão.

Quais restrições o CADE pode impor à fusão?
O CADE pode impor restrições em regiões onde Hapvida e NotreDame já têm uma alta relevância no mercado para evitar concentração excessiva.

A ANS tem alguma posição sobre a fusão?
A ANS acredita que o setor de saúde suplementar pode se beneficiar de ganhos de escala e, portanto, não deve se opor à fusão entre Hapvida e NotreDame.

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