O nível de acesso ao mercado de capitais diferencia países, setores e empresas de sucesso. O desenvolvimento deste mercado está intimamente ligado ao crescimento econômico e ao fortalecimento corporativo, permitindo a captação de recursos financeiros para projetos de longo prazo a custos mais competitivos, além de ampliar a governança e a visibilidade perante investidores.
Neste artigo, apresentamos os principais modelos de captação disponíveis para empresas de saúde
I) Captação com Dívida Estruturada via Mercado de Capitais
Cada operação é desenhada sob medida para atender às necessidades específicas do emissor e os interesses dos investidores, variando em garantias, prazos, carência, fluxo de amortização, condições de pagamento e taxa de juros, com destaque para:
• Diversificação de Agentes: A captação pode envolver investidores, pessoas físicas, jurídicas, institucionais (incluindo operadoras de saúde), fundos de investimento e até investidores externos.
• Mercado Secundário: Permite que o detentor dos títulos venda-os a outros investidores, garantindo maior liquidez.
• Benefícios Fiscais: Destaca-se a isenção total do IOF, representando uma economia de 0,38% sobre o montante e de 1,5% ao ano sobre o saldo devedor.
Conheça os principais veículos de captação que podem ser utilizados por empresas de saúde para captação de dívida via mercado de capitais:
1- Debênture: Título de dívida emitido por companhias S.A., muito utilizado por grandes empresas (ex.: Rede Dor, Hapvida) para refinanciamento, investimentos ou capital de giro.
2- Certificado de Recebíveis Imobiliários – CRI, representa securitização de créditos imobiliários. É uma forma de captação destinada ao setor imobiliário, seja para construção, financiamento, reembolso gastos incorridos na obra (até 2 anos) ou reformas. Possui a vantagem do benefício tributário, com a isenção total do Imposto de Renda para pessoas físicas investidoras, o que pode representar um custo menor para a empresa ao utilizar este instrumento de dívida.
Este mecanismo já foi utilizado por operadoras e hospitais, como a Rede Dor, Hospital Albert Einstein e o Sírio Libanês.
3- Nota Comercial – NC: Instrumento similar à debênture, mas disponível para todos os tipos de empresas – inclusive cooperativas médicas, hospitais e empresas de pequeno e médio porte –, desde 2021. Pode ser aplicado para refinanciamento de dívidas existentes, capital de giro ou construção.
Caso prático: A Unimed Juiz de Fora, assessorada pela XVI Finance, foi pioneira na captação de recursos por meio deste formato. https://xvifinance.com.br/primeira-emissao-notas-comerciais-unimed-jf/ )
II) Financiamento via Fundo Imobiliário – FII
Os FIIs, já consolidados no mercado brasileiro com cerca de mil fundos e mais de 2,6 milhões de investidores, representam um mercado de aproximadamente 160 bilhões de reais. No setor de saúde, esses fundos viabilizam a construção ou aquisição de imóveis assistenciais, permitindo a geração de renda por meio de locação e valorização dos ativos.
Essencialmente, há duas estratégias que podem ser utilizadas com os FII:
4- Built to Suit – BTS: O fundo constrói o imóvel conforme o projeto da empresa, por meio de um contrato atípico de locação (normalmente com duração superior a 20 anos), já adotado por operadoras assessoradas pela XVI Finance, como as Unimeds Sul Capixaba, Campina Grande e Maceió.
5- Sales Lease Back – SLB. A empresa vende um imóvel pronto e, em seguida, o realiza a locação do mesmo imóvel, obtendo liquidez e redução do custo de capital. Esta estratégia, que também impacta positivamente o Patrimônio de Referência, tem sido utilizada por operadoras como a Hapvida e, recentemente, pela Unimed Nova Iguaçu.
Por fim, uma alternativa para obtenção de recursos ao setor é mediante a utilização da antecipação de recebíveis por meio de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios – FIDC.
6- Antecipação de Recebíveis: FIDC para Empresas de Saúde
O Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) oferece recursos financeiros ao antecipar o faturamento – por exemplo, de um hospital –, com a cobrança futura diretamente do plano de saúde, mediante aplicação de uma taxa de desconto.
Embora comum em outros setores, o uso do FIDC para empresas de saúde é recente. A XVI Finance lançou o primeiro FIDC com uma cooperativa médica em 2022, e outras operadoras, como o Grupo GNDI (Notredame/Hapvida), seguiram este caminho em 2023.
O modelo a seguir representa o fluxo da operação.

Conclusão:
Com este artigo, completamos a trilha dos modelos de financiamento disponíveis para o setor de saúde, abrangendo desde operações com agências de fomento e instituições bancárias até o mercado de capitais. A escolha da melhor estrutura depende da análise detalhada do projeto e da estratégia financeira da empresa. A eficiência na captação de recursos é fundamental para a sustentabilidade das empresas de saúde no Brasil
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