A reestruturação financeira pode ser a diferença entre o crescimento sustentável e o colapso de uma empresa de saúde. Você sabe como acessá-la?
Sabemos que mercado de saúde suplementar é um dos principais setores da economia. Com um mercado de mais de 52 milhões de beneficiários, se desenvolve sobre a constante pressão para atendimento da demanda crescente, decorrente do envelhecimento populacional, incorporação de novas tecnologias e um claro direcionamento para a eficiência na relação custo x qualidade.
Neste ambiente, o investimento é necessário para ampliação da capacidade de atendimento, construção de hospitais, aquisição de equipamentos e refinanciamento da dívida.
Por isso, produzimos uma trilha de conteúdo na qual abordaremos cada uma das estratégias possíveis de serem utilizadas para a captação de recursos financeiros para as instituições de saúde, apresentando suas distintas características, benefícios e riscos envolvidos.
Nessa sequência de materiais, trataremos de todas as formas para acessar recursos financeiros, sejam com instituições bancárias, agências de fomento, investidores e mecanismos via mercado de captais. Neste conteúdo exclusivo, iremos abordar:
- Captação de recursos com Instituições Financeiras (Bancos comerciais e bancos de desenvolvimento – BNDES e outras instituições de fomento);
- Dívida Estruturada: Certificado de Recebíveis Imobiliários – CRI;
- Dívida Estruturada: Notas Comerciais – NCs;
- Fundo de Investimento Imobiliário- FII e Holding Imobiliária, com operações de BTS e SLB;
- Fundo de Investimento em Direitos Creditórios – FIDC
Cada um desses modelos permite acessar a uma fonte de capital com objetivos distintos. Porém, em essência, é necessário compreender porque captar recursos com terceiros para reestruturação financeira e financiamento de investimentos é uma estratégia adequada.
Os três motivos principais são:
1- Os recursos de terceiros são mais baratos do que o capital próprio.
O capital próprio é bastante escasso, assume riscos maiores e não há prazo estabelecido para a sua devolução. Por isso, o retorno exigido sobre o capital dos sócios é maior. Em outras palavras, o custo do capital próprio é maior e pode ser identificado pelo custo de oportunidade.
O custo do capital próprio é elevado no Brasil, em cerca de 15% ao ano. Isso significa que financiar projetos apenas com recursos próprios pode não ser a melhor estratégia. Por outro lado, o capital de terceiros, além de ser mais acessível, pode trazer benefícios fiscais que reduzem seu custo efetivo
Figura: Comparação do custo de capital entre países selecionados – Modelo CAPM
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Legenda: Média + Desvio padrão | Média – Desvio Padrão | Mediana Fonte: (FERNANDEZ; AGUIRREAMALLOA; LINARES, 2013)
Isso significa que ao usar o capital próprio a empresa deixa de alocar o recurso em outros projetos e investimentos, representando o custo de renúncia desses resultados. Por isso, a metodologia indica o retorno esperado ajustado ao risco para o próprio capital. Com as taxas de juros altas, esse custo implícito fica ainda maior.
Por outro lado, o capital de terceiros gera um benefício fiscal, já que as despesas financeiras são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda. Por isso o custo efetivo de uma dívida deve ser deduzido desse benefício fiscal. Por exemplo, uma dívida contratada originalmente por 18% a.a, após o benefício fiscal de 34%, terá um custo efetivo reduzido para 9,9% (ou seja, bem menor que o custo de capital próprio).
Por isso, ao usar capital de terceiros para financiar projetos de investimentos (como a construção de hospitais), o custo médio do capital será menor quando utilizar empréstimos e financiamento, contribuindo para obter a viabilidade econômica do projeto.
Além disso, a instituição não comprometerá de imediato a sua liquidez e obtém prazo para gerar resultados suficientes para cobrir o custo da dívida. Este cenário é ainda mais importante para instituições reguladas pela ANS.
Vale destacar, inclusive, que um projeto somente será viável quando conseguir cobrir com todos os custos de financiamento e fluxo financeiro contratado.
2- Há restrição de liquidez e maior necessidade de investimentos
A sustentabilidade no setor depende de escala, da capacidade de crescimento, diferenciação por qualidade e da geração de resultados operacionais. Porém, desde a pandemia da COVID-19, a necessidade de capital de giro aumentou, juntamente com a sinistralidade e inadimplência.
Muitas empresas terão dificuldade em constituir o capital regulatório necessário, em cobrir a necessidade de caixa e, principalmente, em acompanhar a demanda por investimentos, justamente em um ano que o custo de oportunidade vem crescendo como reflexo da elevação das taxas de juros.
Nesse contexto, as empresas vão precisar de mais capital frente às obrigações regulatórias e necessidade de investimentos para redução de custos assistenciais e atendimento à crescente demanda assistencial.
3- Alongamento do prazo de financiamento e redução do custo da dívida
Por fim, em complemento aos dois fatores anteriores, a reestruturação da dívida que as empresas no setor já possuem, constitui uma estratégia para obter o alongamento do prazo de pagamento e condições mais atrativas com uma nova fonte de recursos. O Sistema de Saúde Suplementar possui atualmente quase R$ 7 bilhões em saldo de endividamento, sendo metade desse valor alocado firmados por cooperativas médicas com empréstimos e financiamentos bancários.
Parte desse endividamento precisará ser renegociado para adequações na capacidade de pagamento e poderá ser substituído por outros instrumentos de endividamento via mercado de capitais, tais como a emissão de notas comerciais (NCs) ou Certificado de Recebíveis Imobiliários – CRIs, Fundos (FII – FIDC) com operações de Sales and Lease Back – SLB ou Built to Suit – BTS, com prazos bem maiores e custos menores aos contratados.
Nos próximos dias, exploraremos detalhadamente cada modelo de financiamento e suas vantagens. Não perca as próximas publicações e descubra como sua empresa pode acessar recursos de forma estratégica! Até breve, Dr. Adriel Branco
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